O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer reservar R$ 495,5 milhões do Orçamento de 2021 para ações de comunicação institucional. A proposta representa uma grande expansão em relação às despesas previstas para 2020, que neste caso foi de R$ 124,5 milhões. Em troca do apoio de uma ala do Congresso, o presidente decidiu recriar o Ministério das Comunicações, fazendo o dinheiro das ações publicitárias do governo para as mãos do deputado Fábio Faria (PSD), que assumiu a pasta em junho deste ano. Faria é ligado ao centrão e genro do empresário, apresentador e dono do SBT ,Silvio Santos. A emissora é uma das mais beneficiadas pela publicidade institucional no último ano.
O uso das verbas de publicidade do governo já é alvo de investigação, a qual implica diretamente o então secretário Fabio Wajngarten, que após a recriação do ministério assumiu a secretaria-executiva da pasta. Em agosto, o TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu em auditoria que faltam critérios técnicos para a distribuição de verbas publicitárias a TVs abertas. Reportagens publicadas pela Folha mostraram uma mudança de padrão na destinação do dinheiro para as emissoras, inclusive revelando que Wajngarten é sócio, com 95% das cotas, da FW Comunicação, empresa que recebe dinheiro de TVs e de agências contratadas pela antiga Secom. Ele, porém, nega que haja favorecimento às clientes de sua empresa ou conflito de interesses em sua atuação. O caso é investigado pela Polícia Federal e pelo TCU em um processo específico.