O convenção que referendou a candidatura de Bruno Reis (DEM) para a prefeitura de Salvador foi marcada pela emoção e por declarações fortes do prefeito ACM Neto (DEM). O evento foi realizado remotamente e transmitido pela internet, na manhã desta segunda-feira (14), em função da pandemia da Covid-19. Logo na chegada, o atual prefeito foi questionado pela imprensa presente a respeito da animosidade na base aliada em função da escolha de Ana Paula Matos (PDT) – considerada uma candidata intrínseca ao grupo carlista – para a vice. Ele negou e assegurou que o grupo está “inteiramente” pacificado.
Neto aproveitou o questionamento para fazer afagos aos dois principais aliados que protagonizaram polêmicas durante a formação da chapa: Geraldo Júnior (MDB) e Márcio Marinho (Republicanos). Os dois disputaram a vice arduamente até os últimos instantes. Marinho, inclusive, chegou a declarar que a escolha de Ana Paula seria um “desrespeito e desprestígio” com o antigo PRB.
“Se você for observar, todos os nomes que foram cogitados, resultariam numa chapa puro sangue. Leo Prates, Geraldo Júnior, Márcio Marinho… Todos já integram a minha base e já fazem parte do nosso grupo político”, ressaltou. Na coletiva de imprensa após o evento, o democrata também “jogou confete” para o Presidente da Câmara Municipal. “Acho que Geraldo vai ter a maior votação de toda a cidade”, exaltou.
Durante a convenção, Neto desabou em lágrimas. A demonstração emotiva, aliás, tem sido recorrente em grandes eventos promovidos neste último ano de gestão. “Chego com o sentimento de dever cumprido”, desabafou. Sem mencionar nomes de adversários, mas fazendo alusão direta ao grupo do governador Rui Costa (PT), Neto deu um recado: não pretende deixar a disputa eleitoral seguir para um eventual segundo turno.
O comentário expôs a preocupação principal do grupo carlista no momento. Atualmente, a oposição está fatiada em uma estratégia do líder petista para tirar votos de Bruno em diversos setores do eleitorado. Os levantamentos divulgados até então apontam que o candidato do Avante, Pastor Sargento Isidório, irá enfrentar Bruno na segunda etapa do pleito.
Outro destaque importante e surpreendente foi a fala de Ana Paula Matos, que sempre manteve uma postura discreta durante o período em que integrou os quadros do Palácio Thomé de Souza como profissional de perfil técnico. Essa foi a primeira prova de fogo como política da ex-comandante da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre). Ela já chegou dizendo a que veio: “Represento as pessoas simples, que não têm família política”.
Na coletiva de imprensa, ela rebateu críticas sobre a falta de representatividade racial da chapa, se definindo como “parda”. “Sou uma mulher parda, que me identifico com a causa negra”, comentou. O assunto, aliás, deverá ser um dos principais motes da campanha, uma vez que a corrida eleitoral da capital baiana conta com duas candidaturas negras: Olívia Santana (PCdoB) e Major Denice Santiago (PT).
Grande protagonista da manhã, Bruno Reis apostou na emoção e na trajetória de vida sofrida para tocar o coração do eleitorado. Relembrou a perda dos pais ainda jovem, se emocionou e falou em Deus. “Agradeço a Deus nas minhas orações diárias por ter dado força e sabedoria. Só ele sabe minhas aflições, angústias e desesperos. Não foi um caminho fácil chegar até aqui”. Ele ainda apostou em “chavões” típicos de campanhas eleitorais, se dirigindo aos eleitores e prometendo “não decepcionar”.
Na coletiva, ele ainda negou ser um “poste” de Neto: “Não posso ser poste dele e nem de ninguém. A minha trajetória de vida responde quem é Bruno Reis”.