Diante da resistência do governador Rui Costa (PT) ao nome do deputado estadual Robinho, o PP resolveu dar um cavalo de pau e lançar o nome do colega Niltinho à presidência da Assembleia para enfrentar o candidato do senador Otto Alencar (PSD), Adolfo Menezes.
O parlamentar foi escolhido pela própria bancada do PP, que acompanha o raciocínio do vice-governador João Leão de que há uma desigualdade hoje na correlação de forças que apoia o governo em favor de Otto e, por esta razão, o senador precisa de um limite ao seu poder no grupo.
Ao partir para o bate-chapa com o PSD, o PP rompe um acordo com a legenda, que havia sido avalizado pelo governador Rui Costa (PT), pelo qual apoiaria o candidato de Otto à sucessão de Nelson Leal (PP) à presidência da Casa, criando uma instabilidade na relação com a sigla e na base do governo. Também lança dúvidas quanto a sua confiabilidade política.
A aposta em Niltinho, que surge praticamente numa situação de desespero do PP após várias idas e vindas do partido em relação à disputa e a circulação de nomes que não floresceram, é uma forma de a sigla, além de atrair a oposição, impedir um veto do governador ao partido que leve ao aprofundamento do desgaste na relação com Rui.
O parlamentar, que se mantinha discreto até agora, praticamente sem se envolver em nenhuma discussão acerca da sucessão de Leal, é bastante respeitado tanto na oposição quanto no governo e até no PSD de Otto, o que pode minimizar os efeitos da disputa entre os dois partidos. Seu único óbice seria o fato de estar no primeiro mandato, já que a tradição não costuma garantir a eleição de novatos à presidência do Legislativo.
Na Assembleia, o comentário é de que, por trás da iniciativa do PP de romper o acordo com o PSD e concorrer à presidência está a insatisfação de Leão com o que classifica de intransigência de Otto de concorrer ao Senado de novo em 2022, apesar de saber que tanto ele quanto o filho, Cacá, não podem disputar a vice na chapa.
O impedimento decorre do fato de Leão ter sido reeleito vice-governador e se aplica a ele e ao filho mesmo que decidam concorrer numa chapa concorrente, como a do prefeito ACM Neto (DEM), por exemplo. Por isso, muitos dizem que o PP pode vir ainda a negociar com o governador e o PSD, embora a candidatura de Niltinho torne a possibilidade de entendimento imprevisível principalmente na eventualidade de seu nome crescer entre os colegas. (com Política Livre)