As aulas presenciais da rede pública municipal de Simões Filho e Candeias foram adiadas, mas as atividades deverão de modo remoto. A decisão foi tomada devido ao aumento do número de casos da Covid-19 nos municípios e em todo o Estado. Em Simões Filho, a medida foi publicada pela Prefeitura, por meio da Secretaria da Educação (Semed), decreto nº 165/2022, nesta sexta-feira (4). Segundo o documento, o retorno das atividades presenciais será no dia 7 março.
A decisão vale para alunos da pré-escola, do ensino fundamental I e II, e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). De acordo com a Prefeitura de Simões Filho, o ano letivo continua com início na segunda-feira (7), mas apenas com aulas remotas. Em Candeias, as aulas devem retornar remotamente no dia 14 de Fevereiro. Ao mesmo tempo, a vacinação contra covid-19 ainda encontra desafios com as crianças. Mesmo quem já recebeu alguma dose não teve tempo hábil para completar o esquema vacinal. Na Bahia, a campanha com crianças só começou no último dia 15. No estado, apenas 3,3% da população de 5 a 11 anos está com a primeira dose, enquanto o índice chega a 23% em Salvador.
Familias em dúvidas
O retorno dos estudantes deve ocorrer em meio a diferentes situações individuais. Há desde famílias apreensivas em enviar os filhos às aulas – tanto pelo aumento de covid-19 quanto por não terem completado a imunização com a segunda dose – a professores inseguros com a exposição. “Reconhecemos que, quanto menor a faixa etária, mais desafiador é o ensino remoto. Mas não podemos negligenciar nosso bem maior que é a saúde. Precisamos buscar alternativas pensando no bem da coletividade”, defende a professora Isabel em entrevista ao Correio
O professor Júlio (nome fictício), que ensina em escolas particulares e públicas de Salvador e da Região Metropolitana, acredita que é o momento errado para o retorno presencial. Parte de sua preocupação é porque, nas escolas onde trabalha, não viu campanhas de incentivo à vacinação como prerrogativa para a volta às aulas. “Creio que o mais sensato seria voltar como terminamos em 2021, com aulas híbridas”, sugere ele, que defende a exigência do cartão de vacinação para alunos a partir dos 5 anos de idade. “A partir do momento que os casos e mortes tiverem uma queda substancial, poderíamos voltar com as aulas 100% presenciais”.
De acordo com o coordenador do Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (Sinpro-BA), Allysson Mustafá, muitos professores têm procurado a entidade para reforçar a preocupação de que os alunos estejam vacinados neste retorno. “Nós nos vacinamos e estivemos com os alunos em sala sabendo que havia riscos. Mas, agora, com a vacina para eles, a gente compreende que eles têm que estar vacinados. É uma reciprocidade”, acredita.
Famílias
O plano da professora Hannah Costa, 29, era que a filha, uma bebê de um ano, pudesse entrar na escola no início de 2022. “Ela já está na idade de ir para o Cmei (Centro Municipal de Educação Infantil), para uma crechezinha, ainda mais que eu trabalho”, conta. Mas o aumento de casos fez com que ela desistisse. Agora, pretende esperar mais um tempo, até porque, pela idade da menina, ainda não há vacinas disponíveis. No Brasil, a autorização ainda é apenas para crianças maiores de 5 anos. Mesmo a Coronavac, que foi liberada a partir dos 3 anos de idade em países como Chile e China, só está sendo aplicada a partir dos 6 anos. “Não me sinto segura porque, como crianças pequenas não usam máscara, ela estaria em contato com outras crianças que também não usam máscara e que vêm de um ambiente em casa que não sei como é o controle nem como são as precauções. Uma criança pode, sim, passar para a outra”, lamenta. Para ela, o cenário ideal de volta às aulas presenciais seria apenas quando o vírus estivesse controlado. “Mas deveria ser apenas com todas as crianças vacinadas e seguras para que diminuíssem os índices de contágio”, opina.
De acordo com ela, mesmo aqueles estudantes que estiverem nas aulas de forma presencial também vão usar os recursos digitais para apresentar trabalhos, fazer atividades de pesquisa e ter um registro de produção. A escola foi uma das que investiu em plataformas digitais, tendo transmissão de aulas em tempo real com lousa interativa e câmeras e microfones que permitem que os professores sejam ouvidos por quem está em casa independente do local em que estejam, na sala de aula.
Numeros em alta
A Bahia está com 36.955 casos ativos da Covid-19 de acordo com boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), nesta sexta-feira (4). Com o número, o estado chega a um novo recorde de casos da doença pelo segundo dia consecutivo, superando a quinta (3), quando foram contabilizados 35.349 ativos. Além disso, nas últimas 24 horas, foram 9.837 novos casos conhecidos de Covid-19 no estado e 56 óbitos.
Vacinação
Até o momento, 11.195.219 pessoas foram vacinadas com a primeira dose, 264.651 com a dose única, 9.576.738 com a segunda dose e 2.601.934 com a dose de reforço. Do público de 5 a 11 anos, 167.400 crianças já foram imunizadas.
Leitos de UTI:
A Bahia tem 1.463 leitos ativos para tratamento da Covid-19. Desse total, 965 estão com pacientes internados, o que representa taxa de ocupação geral de 66%. Nas UTIs pediátricas, 26 das 29 vagas estão com pessoas internadas, o que representa taxa de ocupação de 90%. Os leitos clínicos para adultos estão com 59% de ocupação e os infantis, com 76%.
Fonte: Informe Baiano e Correio.