“Não consigo dormir desde o dia. Os gritos e pedidos de socorro não saem da minha cabeça”. Esse é o relato da funcionária pública Melinda Santos, que estava em uma embarcação quando viu o barco que naufragou na cidade de Madre de Deus. A tragédia terminou com oito pessoas mortas e seis feridas. As informações são do G1
As vítimas voltavam de uma festa na Ilha de Maria Guarda em direção a cidade de Madre de Deus, distância de cerca de 2 quilômetros. Segundo Melinda Santos, ela tinha trabalhado no evento e retornava com materiais da prefeitura para o píer do município.
A funcionária pública e colegas conseguiram resgatar nove pessoas, entre elas duas crianças que estão bem.
“Estava tudo muito escuro, não conseguíamos enxergar nada, mas ouvimos gritos de longe. Quando nos aproximamos, vimos a embarcação afundando, pessoas gritando e pedindo pelo amor de Deus para salvar os filhos”, relatou.
De acordo com a funcionária pública, ela e os colegas tiveram dificuldades para socorrer as vítimas que, desesperadas, tentavam invadir o barco que estavam.
“A gente se aproximava e recuava, porque todo mundo queria subir no barco ao mesmo tempo. Jogamos os coletes de salva-vidas, mas o vento estava contrário e eles não conseguiam alcançar”, afirmou Melinda.
A funcionária pública ainda contou que ligou para um colaborador da prefeitura, que aguardava os colegas no píer, e pediu socorro. O homem entrou em contato com a Marinha.
“Tinha uma mãe que estava com um menino de 6 anos. Ela gritava muito pedindo para a gente ajudar. Um rapaz, que eu não sei identificar, gritava: ‘Eu disse que não era para pular, que não era para ir para o outro lado””, contou a mulher.
Melinda disse que o sentimento é de gratidão por ter conseguido salvar algumas pessoas do naufrágio.
“No primeiro momento, a gente fica com a sensação de que poderia fazer mais, porque não queríamos que tivesse óbitos, mas foi uma coisa inevitável”.