A Bahia é o estado com maior número de chacinas registradas entre 1988 e 2023 no Mapa de Chacinas Norte e Nordeste, elaborado pela Rede Liberdade em parceria com o IDP. O levantamento, divulgado pelo g1, contabilizou 489 chacinas nas duas regiões, sendo 104 no território baiano, das quais 46 ocorreram em Salvador.
Em segundo lugar aparece o Ceará, com 75 registros, seguido do Pará, com 69 casos. A maior parte das chacinas ocorreu em zonas rurais (45,4%), enquanto áreas urbanas concentraram 38,4% das ocorrências. O estudo também revelou que 2015 foi o ano com mais chacinas (64 casos), enquanto 2017 teve o maior número de mortes (384).
A pesquisa aponta que as chacinas atingem de forma desproporcional comunidades negras, quilombolas e indígenas, intensificando a vulnerabilidade dessas populações. Para a diretora-executiva da Rede Liberdade, Amarilis Costa, a Bahia é “epicentro da violência de estado no Nordeste”, resultado de dinâmicas de crime organizado e políticas de segurança baseadas na “lógica de guerra”.
Segundo o historiador Dudu Ribeiro, essas ações refletem um modelo militarizado de segurança que prioriza a eliminação de supostos inimigos internos, especialmente em territórios periféricos e negros. Ele defende a necessidade de repensar a lógica da segurança pública para priorizar a proteção da vida.
Além da violência em si, a pesquisa enfrentou desafios como a ausência de dados oficiais sistematizados, optando pela análise de reportagens para mapear os casos.