Um ano após assinar uma portaria para flexibilizar a aprovação de estudantes da rede estadual, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) voltou a negar que se trate de um mecanismo para ascensão automática dos alunos. Ao defender a medida, ele disse ser favorável que quem for reprovado em poucas disciplinas tenha a chance de ascender à série seguinte sob a condição de recuperá-las no próximo ano letivo.
“E por que você criou uma portaria, um decreto que você aprova [de forma automática]? Não é aprovar automaticamente, não. Olhe a quantidade de estudantes que perderam de ano em 2024. Se tivesse homologado uma lei, não tinha ninguém perdido de ano. Teve reprovação”, disse o governador.
A fala foi feita na manhã desta segunda-feira (10), em entrevista a um pool de emissoras de rádio no primeiro dia de volta às aulas.
“Um estudante fica o ano inteiro na escola. Aí ele passou em dez disciplinas, e ficou em uma e duas, o que eu tô propondo? Essa uma [disciplina] ou duas, você pode recuperar nesse ano que vem? Dá oportunidade. Passa a pessoa pro ano seguinte, mas condiciona, olha: ‘Você está devendo aqui duas disciplinas, e nós vamos te dar as condições de poder aprender e resolver a tua vida. Se você não passar, você vai ter que voltar e cursar’”, afirmou Jerônimo.
“Não se trata de ser automático. Alguém utilizou isso com perversidade, com a maldade dizer ‘agora vai, porque o governador Jerônimo vai aprovar’. Não tem isso na rede estadual.”
No ano passado, durante uma aula inaugural em uma escola de Feira de Santana, Jerônimo causou polêmica ao afirmar que a escola que reprova “é autoritária” e que não cabe ao professor decidir o futuro de uma aluno.
A fala foi criticada por opositores e pela APLB Sindicato, que também reagiu à portaria, classificando-a como “generalista” e aprovada sem nenhum diálogo com a categoria.
Diante da repercussão negativa de suas declarações, o governador fez um mea culpa por meio de uma série de publicações na plataforma X (antigo Twitter). Além de negar defender a aprovação em massa, Jerônimo disse que a ideia era que os docentes não desistam de nenhum aluno, incentivando a permanência dos mais vulnerabilizados para que a escola possa ajudá-los a progredir.