Mesmo integrando a base dos governos Lula (PT) e Jerônimo Rodrigues (PT), o deputado baiano Pastor Sargento Isidório (Avante) surpreendeu ao assinar o requerimento de urgência para o projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A assinatura de Isidório ajudou o pedido a alcançar, na quinta-feira (10), as 257 assinaturas mínimas necessárias para que o texto possa ser votado diretamente no plenário da Câmara dos Deputados — decisão que gerou forte desconforto no núcleo político do Planalto.
Com a adesão de aliados como Isidório, o Palácio do Planalto passou a pressionar sua própria base. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), iniciou um pente-fino nos cargos federais indicados por parlamentares que apoiaram o requerimento, avaliando o grau de lealdade ao governo.
A movimentação foi interpretada por interlocutores do Executivo como um “desalinhamento grave” de integrantes da base, sobretudo por ocorrer num momento de articulação delicada no Congresso, que envolve projetos prioritários e a estabilidade da governabilidade até 2026.
Isidório não foi o único baiano a endossar o pedido. Também assinaram parlamentares da oposição, como Roberta Roma (PL) e Capitão Alden (PL), além de nomes de partidos com ministérios ou cargos na Esplanada, como União Brasil (Paulo Azi, José Rocha, Leur Lomanto Júnior), Progressistas (Cláudio Cajado e João Leão) e Republicanos (Alex Santana).
A proposta de anistia é defendida pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que nega envolvimento nos atos, mas alega que muitos dos condenados estariam “injustiçados”. Até o momento, o Supremo Tribunal Federal já condenou mais de 500 envolvidos, com penas que vão de um a 17 anos e seis meses.
Entre os crimes apontados estão golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, associação criminosa e destruição de patrimônio tombado.
Nos bastidores, o governo ainda tenta reverter o apoio ao requerimento. Ministros, governadores aliados e líderes partidários foram mobilizados para convencer parlamentares a retirar suas assinaturas — mesmo sem efeito regimental, o gesto é considerado politicamente relevante.












