Mais uma sexta-feira, mais uma cena clássica do teatro tragicômico chamado “Avanço Transportes” em Candeias. Desta vez, o ônibus da linha Candeias x Águas Claras resolveu tirar um cochilo na saída da cidade, perto do Retran. O motivo? Mais uma pane misteriosa ou nem tão misteriosa assim, já que o veículo parecia mais uma peça de museu sobre rodas do que um meio de transporte.
Com janelas que não abrem, catracas que não giram e bancos que desafiam as leis da ergonomia (e da paciência), a frota da Avanço é um verdadeiro teste de resistência emocional. E física. Afinal, quem precisa de academia quando se equilibra em pé num ônibus que sacode mais que carrinho de parque de diversão? A diferença é que no parque, ao menos, a emoção é opcional.
Choveu? Prepare o guarda-chuva… para usar dentro do ônibus. Sim, na Avanço, a previsão do tempo não tem validade. Dentro do coletivo, a estação é sempre “tempestade com goteiras interativas”.
“A gente sai de casa cedo pra chegar no horário, mas a única certeza que a gente tem é que vai se estressar”, relata Marinalva Souza, moradora do Malembá e passageira de guerra. Com razão. Pegar um ônibus da Avanço é praticamente assinar um contrato com o imprevisível: você pode até chegar ao destino, mas só Deus sabe quando (e em que estado).
E a Agerba? Ah, a gloriosa Agerba… segue firme no papel de entidade decorativa. Fiscalização? Só se for pelo Google Street View. Enquanto isso, os moradores enfrentam ônibus que parecem ter saído direto de um ferro-velho e passado uma mão de tinta de qualquer jeito pra disfarçar.
Já o governador Jerônimo Rodrigues, que em campanha prometeu “olhar com carinho” pra Candeias, parece ter confundido carinho com invisibilidade. Desde então, a população segue esperando o tal avanço prometido. Mas o único avanço real até agora foi… o nome da empresa. Ironia fina.
No fim das contas, o slogan da Avanço bem que podia ser: “Avanço Transportes a única coisa que a gente avança é no sofrimento.”