A imagem de Donald Trump caracterizado como papa, divulgada na última sexta-feira (2) em sua própria rede social, a Truth Social, provocou forte reação de representantes da Igreja Católica. A montagem, feita com uso de inteligência artificial, ganhou ainda mais repercussão após ser compartilhada também pelo perfil oficial da Casa Branca na plataforma X (antigo Twitter).
O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York e uma das principais vozes da Igreja nos Estados Unidos, foi questionado sobre o tema neste domingo (4), enquanto celebrava uma missa na Itália. “Não foi bom”, declarou. “Espero que ele não tenha tido nada a ver com isso.” Dolan está em Roma para participar do conclave que se inicia na próxima quarta-feira (7), após o falecimento do papa Francisco.
Apesar de Trump não ser católico nem praticar com regularidade qualquer religião, a postagem da imagem em trajes papais—sentado de forma solene, vestindo túnica branca, mitra e com o dedo em riste—foi interpretada como desrespeitosa por muitos integrantes da hierarquia católica.
Bispos do estado de Nova York se manifestaram no X demonstrando clara insatisfação: “Não há nada de inteligente ou engraçado nessa imagem, senhor presidente. Acabamos de enterrar nosso amado papa Francisco e os cardeais estão prestes a entrar em um conclave solene para eleger um novo sucessor de São Pedro. Não zombe de nós.”
O episódio tomou as capas dos jornais italianos neste domingo, com grande parte da imprensa local condenando a atitude de Trump. Em contrapartida, algumas publicações de viés conservador tentaram suavizar o caso, tratando-o como uma “brincadeira mal interpretada”.
Na semana anterior, em tom de brincadeira com repórteres, Trump chegou a dizer que gostaria de ser o próximo papa e sugeriu Dolan como uma boa opção para o cargo: “Tenho que dizer, temos um cardeal que vem de um lugar chamado Nova York que é muito bom, então vamos ver o que acontece.”
Dolan, que foi nomeado cardeal pelo papa Bento XVI em 2012 e é conhecido por sua postura conservadora, fez uma das preces na cerimônia de posse de Trump em 2017. A nova polêmica, no entanto, evidencia o abismo entre o ex-presidente americano e o alto clero católico, em um momento delicado para a Igreja.