Em reportagem publicada no jornal O Globo, a jornalista Renata Agostini traçou um perfil detalhado de Rui Costa, ministro da Casa Civil, destacando o temperamento explosivo que deu nome ao apelido de “Rui Grosseria”. A matéria parte de um episódio simbólico ocorrido em agosto de 2024, no Paraná, quando o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, perdeu a paciência com a forma ríspida de Rui e disparou: “Vai pra puta que pariu, Rui! Vai falar assim com outro. Não sou seu peão, não!”
De acordo com Renata, o jeito duro do ex-governador da Bahia, conhecido como “Rui Correria” em sua terra natal, se transformou em motivo de incômodo em Brasília. Em pouco tempo, Rui passou a ser um dos ministros mais antipatizados do governo Lula, acumulando desafetos entre colegas de Esplanada, como Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Carlos Lupi (Previdência) e o próprio Fávaro, que chegou a bloqueá-lo no WhatsApp.
Procurado pela reportagem, Rui se defendeu afirmando que sua “função é traduzir o desejo do presidente e, às vezes, em tom de cobrança, porque tenho que preservá-lo. Se alguém tem que ser mais duro, sou eu. Quem tem que se desgastar para a máquina andar, não é o presidente.”
Ainda de acordo com a reportagem, ao assumir a Casa Civil, Rui levou a Brasília a forma de governar que o consagrou na Bahia, sendo centralizadora, focada em entrega de obras e marcada por cobranças duras. Mas alguns colegas não gostaram do seu estilo de comandar, e não demorou para que seu apelido virasse “Rui Grosseria” entre ministros e interlocutores.
O O Globo também revelou que Rui costuma deixar colegas esperando por longos períodos, o que alimenta a percepção de desdém. Fernando Haddad, Ricardo Lewandowski e José Múcio foram algumas das autoridades que se irritaram com atrasos e chegaram a abandonar reuniões em protesto.
O ministro também teve problemas com a primeira-dama Janja. Rui resistiu à criação de uma estrutura oficial para ela dentro do governo e contestou a compra de móveis para o Palácio da Alvorada. A tensão entre os dois ficou evidente em reuniões internas.
Alguns aliados apontam que Rui ocupa uma posição estratégica no governo e seu estilo incisivo seria uma exigência do cargo. Sua principal parceira é Miriam Belchior, secretária-executiva da Casa Civil, conhecida também pelo perfil técnico e direto.
Agostini aponta ainda que na visão de interlocutores, o ministro é o homem escolhido para “fazer o trabalho sujo” do governo, proteger Lula dos desgastes e garantir que a máquina funcione.