Em uma decisão que aponta o racha entre os Poderes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta sexta-feira (4) todos os efeitos dos decretos sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), editados tanto pelo governo do presidente Lula quanto contestados pelo Congresso Nacional.
A medida do ministro inclui um recado claro: o STF não será palco de disputas políticas mal costuradas. Moraes determinou ainda que Executivo e Legislativo se sentem à mesa numa audiência de conciliação marcada para o próximo dia 15 de julho, no plenário da Corte, em Brasília.
A crise estourou depois que o Palácio do Planalto decidiu aumentar as alíquotas do IOF, sob o argumento de promover justiça tributária. Segundo o governo, a ideia seria taxar mais os mais ricos para beneficiar a população de baixa renda. O Congresso, no entanto, reagiu de forma dura, suspendendo o decreto presidencial e alegando que não vai tolerar novos aumentos de impostos enquanto o governo não mostrar disposição real de cortar gastos.
Agora, Moraes quer explicações formais. Concedeu cinco dias para que os dois lados apresentem os motivos que levaram às decisões que geraram o impasse — e deixou claro que o STF não vai aceitar medidas unilaterais em um tema que afeta diretamente o bolso dos brasileiros.
A suspensão dos decretos e a convocação da audiência colocam os Poderes em rota direta de colisão, com o Supremo atuando como árbitro em um jogo que envolve não apenas política, mas o controle de bilhões em arrecadação. O resultado desse embate pode redefinir o debate fiscal nos próximos meses — e o humor entre Executivo e Congresso.