O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)comentou nesta semana a crescente tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, em razão das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente americano Donald Trump, com previsão de entrada em vigor nesta sexta-feira (1º).
Em entrevista ao jornal The New York Times, Lula afirmou que o governo brasileiro trata o tarifaço com seriedade, mas defendeu uma postura firme nas relações internacionais.
“Estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência”, declarou. “Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito.”
O presidente recebeu jornalistas do NYT na última terça-feira (29), no Palácio da Alvorada, em Brasília. Na conversa, Lula revelou que há procura por parte do governo brasileiro para o diálogo, mas se queixou da falta de resposta por parte de Trump. “Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível”, afirmou.
Apesar da postura crítica, Lula adotou um tom diplomático e reforçou que o Brasil não aceitará ser tratado como inferior. O petista ainda garantiu que a dimensão dos EUA não intimida o Brasil, mas que o deixa preocupado.
“Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande”, frisou o petista. “Conhecemos o poder econômico dos Estados Unidos, reconhecemos o poder militar dos Estados Unidos, reconhecemos a dimensão tecnológica dos Estados Unidos. Mas isso não nos deixa com medo”, acrescentou. “Nos deixa preocupados.”
Durante a entrevista, o presidente detalhou tentativas anteriores de aproximação. Segundo ele, o governo brasileiro realizou 10 reuniões com o Departamento de Comércio dos EUA e, em 16 de maio, enviou uma carta formal solicitando diálogo. A resposta, segundo Lula, veio apenas por meio do site de Trump, com o anúncio oficial das tarifas.
“Espero que a civilidade volte à relação entre Brasil e Estados Unidos. O tom da carta dele é, claramente, de alguém que não quer conversar”, concluiu.