O cenário político para o Partido dos Trabalhadores (PT), legenda do atual governador Jerônimo Rodrigues, enfrenta um momento de crise, impulsionado pelas altas taxas de desaprovação do governo. Uma reportagem publicada pela revista Vejamostra como as pesquisas de opinião têm refletido o sentimento dos baianos.
Pela primeira vez, um governador do PT na Bahia chega próximo ao período de disputar a reeleição sem liderar as pesquisas e com índice de rejeição superior a 50%, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, realizado no final de julho. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), neto de Antônio Carlos Magalhães, que comandou a política baiana por mais de três décadas por meio do movimento carlista, aparece na liderança, com elevada taxa de aprovação.
Vale lembrar que, em 2006, as pesquisas também indicavam a vitória do candidato carlista Paulo Souto (PFL), mas ele acabou derrotado por Jaques Wagner (PT), marcando o início de uma nova dinastia política. Desde então, o PT governa a Bahia há cinco mandatos consecutivos, sendo a gestão petista mais duradoura do país.
A baixa popularidade de Jerônimo preocupa aliados de Lula. Uma eventual derrota do governador em 2026 poderia prejudicar a campanha de reeleição do presidente, já que a Bahia é o maior colégio eleitoral do Nordeste.
“Depois de vinte anos do PT na Bahia, sendo catorze com governos do PT em Brasília, com a faca e o queijo na mão, o estado tem os piores índices do Brasil em áreas essenciais”, criticou ACM Neto, que segue na frente nas sondagens.
Nos bastidores, circula a hipótese de que Rui Costa, atual ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, poderia disputar o cargo no lugar de Jerônimo. Rui deixou o governo estadual em 2022 com altos índices de aprovação, cenário oposto ao enfrentado pelo atual mandatário. No entanto, o presidente estadual do PT, Éden Valadares, nega a possibilidade: “A reeleição do governador é um caminho de naturalidade, seja pela tradição das eleições na Bahia, seja pela força que o instituto da reeleição tem no Brasil. Jerônimo é o único candidato do PT”, afirmou.
Uma eventual chapa formada apenas por petistas poderia afastar o PSD, maior partido da Bahia, que comanda 115 prefeituras (27,5% do total) e é a principal aliada local do PT, com peso também no cenário nacional. Em 2022, Rui Costa abriu mão de disputar o Senado para ceder a vaga ao senador Otto Alencar (PSD).
“Não queremos perder nosso espaço e não está no nosso radar assumir secretaria ou ministério no futuro. Caso sejamos excluídos, temos condições de migrar para apoiar o outro candidato (ACM Neto)”, declarou o senador Angelo Coronel (PSD), que buscará a reeleição em 2026.
Outro nome que ganha força na disputa é o do ex-ministro João Roma (PL), atualmente em terceiro lugar nas pesquisas. Ele é cotado para uma composição com o grupo de ACM Neto, em uma estratégia para garantir ao bolsonarismo uma vaga no Senado.