Os Correios registraram um prejuízo líquido de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira (5). O resultado mais do que triplicou em relação ao mesmo período do ano passado, quando a estatal havia fechado os seis primeiros meses com déficit de R$ 1,3 bilhão.
O aumento do rombo ocorre em meio a uma queda de receitas e ao crescimento das despesas da empresa. Entre janeiro e junho, a receita líquida caiu de R$ 9,28 bilhões (2024) para R$ 8,18 bilhões (2025). Já as despesas gerais e administrativas avançaram de R$ 1,95 bilhão para R$ 3,41 bilhões no período.
A estatal, presidida pelo advogado Fabiano Silva, tem enfrentado críticas de lentidão em ajustes internos. Silva chegou a entregar uma carta de renúncia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho, mas segue à frente da companhia.
Causas do prejuízo
Nas demonstrações contábeis, os Correios atribuem parte das perdas à retração do mercado internacional, em razão de mudanças regulatórias sobre compras de produtos importados, que reduziram o volume de postagens e aumentaram a concorrência.
Para tentar reverter a situação, a empresa anunciou medidas como venda de imóveis, um programa de demissões voluntárias e a criação de um marketplace em parceria com a Infracommerce. Apesar disso, especialistas consideram as iniciativas insuficientes para reequilibrar as contas.
Plano de recuperação e busca por financiamento
A estatal afirma ter criado um Comitê Executivo de Contingência para supervisionar ações de eficiência, redução de custos e expansão de serviços.
Paralelamente, busca um financiamento de R$ 4 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco dos Brics. O empréstimo, já autorizado pela Cofiex (Comissão de Financiamento Externo), terá prazo de 240 meses e carência de 60 meses.
Segundo os Correios, os recursos devem ser aplicados em projetos de descarbonização, modernização logística, transformação digital com inteligência artificial e automação e capacitação institucional.