A Bahia registrou 111 feminicídios em 2024, redução de 3,5% em comparação aos 115 casos de 2023. Apesar da queda, os dados do Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (ISPE) apontam que o cenário não representa uma tendência. Nos anos anteriores, foram contabilizados 88 casos em 2021 e 107 em 2022.
O levantamento mostra disparidades entre capital e interior. Em Salvador, os registros caíram 55%, passando de 20 casos em 2023 para 9 no ano passado. A Região Metropolitana também apresentou recuo, embora 12 municípios ainda tenham registrado ocorrências. Já no interior, houve crescimento de 9,2% no número de feminicídios.
Outro ponto de alerta é o aumento das tentativas de feminicídio, que subiram 31,2% no comparativo com 2023, passando de 179 para 235 vítimas. De acordo com o diretor do ISPE, delegado Omar Andrade Leal, a diferença entre os territórios indica que políticas de proteção à mulher estão mais consolidadas nos grandes centros, mas enfrentam dificuldades em alcançar áreas rurais e cidades menores, onde o machismo ainda é predominante.
O estudo aponta que as principais vítimas são mulheres solteiras, com idades entre 31 e 46 anos, escolaridade até o ensino médio e inseridas em trabalhos informais ou responsáveis pelo lar. Em 93% dos casos, os autores foram companheiros, maridos, namorados ou ex-parceiros. Os crimes ocorreram majoritariamente dentro da residência (61%), tendo como principais meios a arma branca (44%) e a arma de fogo (36%).
Além dos feminicídios, houve crescimento em outros tipos de violência contra mulheres. Entre 2023 e 2024, os registros de violência psicológica aumentaram 6,5%, a moral 6,2%, a patrimonial 5%, a sexual 5,1% e a física 3,9%. Também subiram em 5,9% os pedidos de medidas protetivas.