Há dias que entram para a história de uma cidade não pelos discursos, mas pelos gestos. E, em São Francisco do Conde, a história foi escrita com coragem, vergonha e traição. De um lado, os seis vereadores que votaram com o povo, defendendo o pão, a dignidade e o direito de comer. Do outro, os subservientes, os capachos, os traidores que entregaram sua honra e seu futuro político nas mãos de um prefeito em fim de carreira: Antônio Calmon, o homem que trocou o amor do povo pela ganância do poder.
Os que votaram contra o projeto mostraram que ainda há esperança. São eles os novos heróis de São Francisco do Conde homens e mulheres que irão dormir com os aplausos da consciência, porque escolheram ficar do lado certo da história. Não se curvaram, não se venderam e provaram que ainda existe decência na política. Poderão andar de cabeça erguida.

A ressaca moral dos que votaram a favor de destruir o Pão na Mesa será a pior de todas, pois estão envergonhados. Andarão de cabeça baixa, com o peso da traição sobre os ombros. Venderam o que restava de dignidade por cargos e promessas de um governo decadente. Enterraram o próprio futuro político servindo a um prefeito que já não comanda nem a si mesmo quanto mais a sua cidade.

Calmon, antes amado, hoje é rejeitado. Evita o povo, foge dos olhares que antes o aplaudiam. O amor virou ódio. O respeito virou desprezo. E, como todo homem que trai seu povo, Calmon não dorme. Acorda cedo, olha pela janela e até os pássaros da manhã o assustam. O sono dos justos já não lhe pertence.
Calmon foi o algoz do povo, mas o traidor maior foi Nem do Caípe. Porque tinha a chance, o poder e a história ao seu lado. Tinha o cavalo selado passando diante de si, mas preferiu a covardia ser submisso, subalterno e capacho de um político em fim de carreira.
Os que traíram, em breve, pagarão pelo que fizeram alguns pela Justiça dos homens, outros pela Justiça do povo. E, quando forem lembrados, não será pelos cargos que ocuparam, mas pela vergonha que deixaram.
Hoje, os novos heróis são aqueles que votaram com o povo e disseram “não” à fome, “não” à covardia e “não” à tirania.
Como dissemos no editorial anterior, a história mostraria quem são os heróis e quem são os vilões do povo. Agora, São Francisco do Conde ainda em luto, ferida e revoltada sabe os nomes de cada um. O povo que chora hoje, amanhã vai se levantar.
E quando o sol nascer, trará consigo a certeza de que, apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia.













