O cerco se fechou. A tensão política e policial voltou a dominar os bastidores de uma das cidades mais influentes da Região Metropolitana de Salvador (RMS), após informações exclusivas obtidas pelo Jornal Candeias confirmarem que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou durante o fim de semana os diversos documentos recolhidos, depoimentos de funcionários e secretários e uma delação premiada. O STF que já autorizou semana passada o afastamento de um prefeito e apreendeu o celular de um deputado federal envolvido no esquema, já vasculhou mais de 15.293 páginas de ação policial que dará subsídio a nova operação.
Os dados que a força tarefa apura, mostram que a PF já solicitou do STF novas prisões de prefeitos e secretários na RMS. A Polícia Federal já está preparando a nova fase da Operação Overclean, com foco em nos políticos e empresários envolvidos na participação em um esquema milionário de corrupção e lavagem de dinheiro. A descoberta que a irrigação do esquema criminoso comprou uma nova mansão para prefeito no Alphaville, alertou a PF da necessidade de eliminar a facção criminosa.
O número de prisões deverá ser tão grande, que a megaoperação está sendo batizada de “Armagedom”.
O nome “Armagedom” não foi escolhido por acaso, ele simboliza o fim de um ciclo de impunidade e o colapso de um sistema político corrompido que, segundo os investigadores, agia há anos sob o disfarce de licitações e contratos. A PF tem provas de que um empresário exercia o cargo de prefeito “adoc” de uma dessas cidades, escolhia secretários, vereadores a serem eleitos, inimigos a serem eliminados e pagamentos a serem feitos. Outra novidade da operação estaria nas imagens que comprovam que um empreiteiro que realizava obra na prefeitura através de um consórcio, fez duas grandes reformas em fazendas ligadas ao setor prefeito.
Fontes ligadas à investigação confirmaram que um prefeito de uma cidade da RMS é a principal “presa” da próxima etapa. As prisões já executadas semana passada, mostram que a ofensiva final da “Amargedom” está próximo a ser autorizada e vai alcançar os novos alvos nos próximos dias.
Delação bombástica expõe rota do dinheiro
A peça central da nova fase seria alem da delação premiada firmada por um ex-integrante do grupo, que decidiu colaborar com a Justiça e entregou documentos, planilhas, patrimônios ilícitos dos investigados e mensagens comprovando o envolvimento direto de prefeitos e secretários no desvio de recursos públicos.
A delação detalhou o fluxo financeiro entre empresas, transferências Pix, contratos sem execução, pagamentos por fora, imagens de saques em dinheiro vivo, além de transferências simuladas para assessores e familiares de gestores. A mãe de um secretário da cidade teria sido usada como laranja no esquema. De acordo com as informações, essa delação já foi homologada pelo STF.
“Queima de arquivos” e destruição de provas
Entre os pontos mais graves revelados está o episódio de uma “queima de arquivos”, realizada por uma secretaria municipal. A ação teria sido comandada com o objetivo de eliminar provas físicas e digitais de contratos superfaturados. Fotos e vídeos da destruição da que estão sob custódia da Polícia Federal e já foram periciados, confirmam a obstrução de justiça crime que pode agravar as penas dos envolvidos.
PF disfarçada e monitoramento ampliado
Nos últimos dias, agentes federais estão atuando de forma discreta na cidade, circulando disfarçados de pescadores e ambulantes em áreas próximas à orla e à sede da prefeitura. O objetivo que seria monitorar o entra e sai de servidores e empresários que continuam frequentando os gabinetes sob investigação, mesmo após o avanço das apurações, além de casas em Vilas do Atlântico, onde o gestor moraria com a família.
A novidade dos investigadores é que o prefeito mudou de rota e agora passou atender e frequentar uma nova casa no Alphaville. O clima é de total apreensão dentro da gestão municipal que nesta manhã assessores já teriam apagado celulares, trocado números e esvaziado salas temendo novas buscas. A PF, por sua vez, reforçou o cerco financeiro, monitorando movimentações suspeitas para impedir saques e transferências de última hora. Como definiu um investigador ouvido sob reserva: “Dessa vez, não é mais questão de se vai acontecer. É questão de quando.”












