Nos bastidores da Prefeitura de São Francisco do Conde, a guerra silenciosa entre duas mulheres poderosas começou a definir o rumo político da cidade e para o fim do governo. De um lado, Greice Tanferi, apelidada por aliados de “Dama de Ferro”, pela frieza, simpatia, poder de sedução política e pela capacidade de comando. Do outro, Dona Nide Calmon, esposa do prefeito e secretária de Desenvolvimento Social, reconhecida pelo coração aberto, humana e pela proximidade com o povo. O maior prejudicado? O povo.
Foi nesse embate que o programa “Pão na Mesa”, orgulho do setor social da gestão e da cidade acabou sendo o primeiro sacrifício. Conforme apuração do Jornal Candeias, Greice foi quem orientou o prefeito Antônio Calmon a diminuir o programa, e entrar na justiça para suspender o pagamento dos 11 meses decisão que foi negada pela presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Cinthia Resende . A decisão, no entanto, teria motivações muito mais políticas e do que técnicas. A intenção foi enfraquecer Nide e o Social para sobrar recursos para as nomeações que Greice comanda no caderninho. Dona Nide, foi a principal defensora da manutenção do benefício.
A estratégia de Graice além de enfraquecer o nome da secretária, quis retirar-lhe o protagonismo popular e abrir caminho para que ela se torne a candidata natural de Calmon na sucessão municipal. “Nide tem coração, é uma pessoa do bem, mas Calmon já não a ouve, e se acaba por isso” disse uma auxiliar da secretária. “Calmon era até pouco tempo um homem bom. Algo, ou alguém mudou isso” concluiu.
Calmon, ao seguir o conselho, caiu no jogo da Dama de Ferro. O corte do Pão na Mesa, além de atingir milhares de famílias, provocou uma crise interna no governo, revoltou a população e abalou até a base na Câmara de Vereadores, que rachou. O presidente da Câmara, Nem do Caípe que sonha em ser o candidato de Calmon a sucessão, entrou pra a história como o voto decisivo da destruição do “Pão na Mesa”, sendo assim mais uma carta fora do baralho. A suspeita é que Calmom mentiu até mesmo pra os vereadores da base ao afirmar que iria pagar o retroativo, o que ficou comprovado hoje ser uma mentira.
A vereadora Sandrinha da Pizzaria, conhecida por sua ligação com Dona Nide e por seu trabalho na área social, foi uma das maiores vítimas colaterais dessa trama. Pressionada a votar a favor da redução do programa, Sandrinha teria chorado antes e depois da votação, consciente de que votava contra seus princípios e contra a própria líder política que a inspirou. Segundo relatos, a parlamentar saiu da sessão emocionalmente abalada e politicamente “queimada”, pois a decisão deixou marcas entre seus eleitores. “Dona Nide deu um mandato a Sandrinha, e Greice ao obriga-la a votar contra o “Pão na Mesa” tirou. E Calmom segue sem ver tanta maldade” disse uma assessora.
Enquanto isso, Greice Tanferi manteve distância estratégica da Câmara nas últimas semanas, e apesar de mandar na prefeitura, não apareceu na foto com o grupo da maldade que reuniu até Calmon que não gosta de ir trabalhar uma movimentação que interlocutores interpretam como precaução para não se desgastar junto à população e preservar sua imagem para a disputa de 2028.
Na prática, a “Dama de Ferro” parece ter movido suas peças com precisão: desgastou a ala social do governo, fragilizou a imagem de Dona Nide, de Calmon, expôs a base política e manteve intacta a própria reputação. Mas em política, cada movimento tem seu preço — e há quem diga que, ao tirar o pão do povo, Greice pode ter ganho o tabuleiro da política, mas perdido a alma do jogo.












