Há dores que o tempo cura. Há feridas que a fé cicatriza. Mas há também sofrimentos que só existem porque homens escolheram virar as costas para a justiça, para a compaixão e para o mínimo gesto de humanidade. Assim está São Francisco do Conde: gemendo, sangrando e comendo o “pão que o diabo amassou”, como diz a sabedoria popular, porque o Pão na Mesa programa que nasceu para alimentar almas e corpos virou símbolo de abandono, de traição e de pecado político.
O Pão na Mesa não era um auxílio. Ele carregava um princípio cristão criado como Programa de Acolhimento Social pela ex-prefeita in memória, Rilza Valentin: quem tem mais, ajuda quem tem menos; quem governa, governa para os os mais humildes; quem promete pão, não pode entregar pedra. Por anos, o programa colocou dignamente a comida no prato de quem nada tinha. Era um gesto de fé institucional, uma oração pública transformada em política social.
Hoje, porém, o que deveria ser pão, virou poeira.
O que deveria ser sustento, virou humilhação.
O que deveria ser cuidado, virou calvário.
Enquanto as famílias sanfranciscanas esperam o que lhes é de direito, o dinheiro dos cofres escorre para as mãos de empresas amigas, escolhidas a dedo. O Jornal Candeias tem acompanhado de perto e se debruçado sobre documentos, contratos e pagamentos que revelam um descontrole calculado, uma sangria organizada, um esquema que não é obra do acaso, mas de intenções bem costuradas entre gabinetes e interesses privados.
A parte mais importante dessa engrenagem tem nome: Greice Tanferi, vereadora licenciada, secretária de Saúde, cuja influência e indicações turbinam contratos que nada têm de piedade cristã, pavimentando a sua pré-candidatura a prefeita. Empresários de Simões Filho, viraram protagonistas de uma novela sombria envolvendo contratos milionários a serem revelados a partir de amanhã. Um personagem no centro do esquema investigado pelo Jornal Candeias, virou o verdadeiro operador, até agora o apelido que aparece nas conversas é “Caruru” ou “Camamu”? Já iremos revelar.
E como diz a Bíblia: “Ai dos que chamam mal de bem e bem de mal.” E antes que alguém tente colocar essa tragédia na conta do “capeta”, convém registrar: a assessoria do “diabo” afirmou em nota que “não tem nada a ver com fatos do Pão na Mesa”, e informou que não seria capaz de “tanta maldade” e nem conseguiria ser responsável por tanto “sofrimento” para um povo. Tá dito.












