No Dia da Consciência Negra, enquanto o Brasil celebra a luta, a resistência e a força histórica do povo preto, São Francisco do Conde vive o contraste mais doloroso de sua história recente: um prefeito negro que envergonha a população majoritariamente negra da cidade, submetendo milhares de famílias à fome, abandono e humilhação. Antônio Calmon, que deveria honrar as raízes de umas da cidades brasileiras com o maior número de pessoas auto declaradas negras, tornou-se responsável por um dos períodos mais tristes já vividos pelo povo franciscano.
A destruição do programa Pão na Mesa é um símbolo desse colapso. O que antes garantia dignidade e alimento a mais de 5.200 famílias pobres foi reduzido pela gestão a apenas 22 beneficiários, deixando mães, idosos, trabalhadores e crianças completamente desamparados. Enquanto isso, servidores convivem com salários atrasados, inclusive médicos que ainda não receberam o salário de setembro, e uma Saúde prestes a entrar em colapso nos próximos dias. As rescisões, que deveriam ser um direito, passaram a ser distribuídas apenas para os “súditos da rainha” Greice Tanferi. (Veja aqui).
A população, revoltada, tem exposto diariamente o caos que vive. Nos comentários nas redes sociais, o sentimento é de vergonha, sofrimento e revolta. “O pai virou padrasto”, ironizou um morador. “Que gestão de merda.”, escreveu outro. Outros apontaram o contraste entre a miséria do funcionalismo e o luxo da família do prefeito: “Precisa ver se Carlos André e Poliana estão sem receber … duvido!”. Um denúncia chamou à atenção. “Eu tava em Villas fazendo um corre e me encontrei o novo comércio da filha e do genro dele (Calmon). Precisam ver a riqueza, o carro de luxo. Um povo que nunca soube o que é trabalhar e estudar na vida, tudo cheio de riqueza.”disse a postagem de uma ex-enfermeira. A afirmação confirmou uma denuncia recebida por nossa redação há dois meses: um empresário com contratos na prefeitura teria “decorado” um salão de beleza/barbearia sofisticado em Villas do Atlântico, coisa pra Português ver.
Quem achava que só existia um operador no município já investigado de prenome “Caruru” ou “Camamu”, descobre agora outro: “Palito” ou “Papito”. O homem que teria contratos com a gestão, é peça chave na linha de investigação sobre eventuais favorecimentos ocorridos ao longos dos últimos 4 anos. Recebimentos da prefeitura, foram precedidos de saques vultuosos, além de pagamentos a fornecedores, que prestaram serviços de construção e finalização do centro de beleza. A equipe do JC prepara uma matéria especial, com documentos, fotos, filmagens, notas fiscais e o depoimento de um ex-funcionário da empresa. Alem de histórias sobre “imóveis” no condomínio Marluá em Itacimirim e no Village Itaparica. É nitroglicerina pura.
No Dia da Consciência Negra, o que deveria ser um momento de celebração, orgulho e fortalecimento da identidade negra, São Francisco do Conde recebe como triste retrato a falta de consciência humana do próprio prefeito. A cidade merecia dignidade, políticas públicas e respeito. Em vez disso, vive fome, abandono e desigualdade. A população está acordando — e cobrando. E o JC seguirá fazendo o que Calmon não faz: olhar para o povo.












