A bomba estourou. Horas após a reportagem do Jornal Candeias revelar detalhes sobre o suposto operador financeiro da Saúde em São Francisco do Conde — conhecido nos bastidores como Camamu ou Caruru — o esquema começou a rachar de medo por dentro. O próprio operador, tomado pelo pânico, teria ligado desesperadamente para diversas lideranças políticas do município, temendo ter sido grampeado e exposto em definitivo, já que imagens dos edis ele já tem certeza que foram filmados.
O operador fez chamadas para vereadores, secretários e até para a própria dama de ferro, buscando garantias de que não seria atingido pela investigação. A dama de ferro apontada como peça-chave no tabuleiro do poder, teria tranquilizado o operador, afirmando que “nada vai lhe acontecer” e que tudo se tratava apenas de um “jogo político” para que ele parasse de operar temporariamente.
Documentos em análise mostram que uma das empresas ligadas ao operador recebeu, entre os dias 13 de outubro e 07 de novembro, a quantia de R$ 853.968,60 dos cofres municipais. Mas, segundo investigações, ele não age sozinho: opera por meio de ao menos três empresas, todas abastecidas por contratos robustos da Prefeitura e na área da Saúde.
O Jornal Candeias apurou ainda que uma dessas empresas foi a responsável pela obra da quadra da Babilônia, que custou mais de R$ 1.300.000,00 ao município e, segundo moradores e testemunhas, teria sido entregue inacabada, com falhas estruturais visíveis e etapas não concluídas que iremos mostrar em uma reportagem especial essa semana. Enquanto famílias pobres ficavam sem o Pão na Mesa, no mesmo período do escândalo da fome, o operador recebeu quase 1 milhão.
Após a publicação inicial do JC, o clima no alto escalão político de SFC virou um verdadeiro caos. Informações obtidas nos bastidores revelam que a matéria causou choque, desespero e correria entre vereadores e secretários — muitos deles com veículos alugados e pagos justamente pela empresa do operador. A revelação de que diversos agentes públicos utilizam serviços, carros e “benefícios” provenientes da mesma empresa que recebe vultosos contratos da gestão deixou claro o tamanho da rede de influência.
E no centro dessa teia, segundo investigações, está a figura que os bastidores chamam de “a dama de ferro” — apontada como a verdadeira mandatária da cidade, responsável por blindar o operador, garantir seus contratos e controlar toda a engrenagem financeira que conecta Saúde, obras e articulação política. Os contratos, de acordo com fontes, são administrados diretamente por ela, o que explicaria o nível de proteção e a confiança demonstrada pelo operador durante suas ligações.
Apesar do medo de estar grampeado, o operador manteve o tom de deboche em algumas ligações. De acordo com informações, ele chegou a dizer que “não tem recebido nada de SFC nos últimos dias e que nem consegue falar com Calmon”, insinuando que estaria sendo prejudicado, como se receber quase R$ 1 milhão em menos de um mês já não fosse um escândalo na cidade em que o pobre morre de fome.













