O Jornal Candeias obteve, com exclusividade, novos relatos, FOTOS e documentos que reforçam o que foi denunciado em 09 de fevereiro deste ano pelo JC. A estrutura administrativa de São Francisco do Conde funcionou, por anos, no 15º andar do Edifício Tomé de Souza, em Salvador, como uma extensão particular do grupo empresarial comandado por Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo” e preso na Operação Overclean. De acordo com agentes envolvidos nas investigações, a sede da empresa MM, pertencente ao “Rei do Lixo”, funcionava “como um verdadeiro anexo paralelo da prefeitura”. Ali, segundo os investigadores, o prefeito, secretários municipais, vereadores e operadores do próprio governo despachavam diariamente — com autorização e supervisão direta.

O Grupo de Trabalho da Operação Overclean, comandado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e pela Polícia Federal, conseguiu confirmar indícios de que o “Rei do Lixo” simplesmente governava a cidade. Dos pagamentos autorizados à liberação de contratos, das licitações às indicações políticas, passando por decisões sobre quem seria nomeado secretário, quais empresas receberiam valores vultosos e até quem deveria presidir a Câmara Municipal — tudo, segundo fontes, era “pautado e concluído” dentro do gabinete extraoficial da MM. Esse cenário não surgiu agora. Em fevereiro, o Jornal Candeias revelou com exclusividade que secretários despachavam diariamente com o Rei do Lixo, fato que colocou São Francisco do Conde no radar direto da Operação Overclean.

Na véspera da operação que prendeu o Rei do Lixo (09/12/2024), FOTOS comprovam que um grupo com os principais secretários da administração despachou com ele. Naquele mesmo mês, outra reportagem mostrou que a empresa Contech Engenharia, que segundo o site “O Bastidor” pertence a Laércio Alves — casado com uma das sobrinhas do empresário — recebeu mais de R$ 150 milhões em obras que nunca foram concluídas, gerando um rombo histórico para os cofres municipais.
Mas a situação ficou ainda mais grave após a prisão do “Rei do Lixo”. Em prisão domiciliar, proibido de receber visitas e completamente afastado da operação que estruturava o governo, Antônio Calmon entrou em desespero. Documentos recebidos pelo JC mostram que a PF monitorou, durante meses, os passos de todos que entravam e saíam da sede da MM, registrando visitas frequentes de Calmon, vereadores e secretários. A redação recebeu um book com FOTOS quase diárias — que serão reveladas durante a semana —, registros de entrada e saída e filmagens que confirmam que o “Rei do Lixo” mantinha controle absoluto sobre a máquina pública.
Ao saber do monitoramento, Calmon demitiu o secretário de Finanças em 04 de março, tentando apagar os rastros. Em vão. A investigação se ampliou e descobriu outras empresas que receberam valores milionários e entregaram obras inacabadas, serviços de péssima qualidade e medições que nunca existiram. As empresas atualmente no radar da investigação são: Liga Engenharia, Contech Engenharia, Ebisa Engenharia Indústria e Saneamento e JD2 Engenharia e Locações — somando valores que ultrapassam R$ 500 milhões.
Outros funcionários, ex-secretários e titulares ainda em exercício na prefeitura de SFC também foram ouvidos por delegados da Polícia Federal e confirmaram que recebiam ordens diretas do “Rei do Lixo”. Alguns deles teriam detalhado pagamentos, contratos e até apresentado gravações que comprovam a relação espúria. Na última semana, um deles entregou um material ainda mais explosivo: as relações comerciais dos filhos do prefeito e a estratégia usada para esconder patrimônios — material que já está sendo apurado.











