O pronunciamento do prefeito de Madre de Deus, Dailton Filho (PSB), após a deflagração da Operação Xeque-Mate, soou mais como um exercício de enrolação política do que como uma resposta à altura da gravidade dos fatos que abalaram o município. Diante de uma investigação pesada do Ministério Público da Bahia, que apura fraudes em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, o prefeito optou pelo caminho mais fácil: discursos genéricos, nenhuma medida concreta e absoluto silêncio sobre os envolvidos. Até agora, nenhum ato de exoneração ou de processo administrativo foi publicado no diário oficial.
A operação, conduzida pelo Gaeco e pela Procuradoria-Geral de Justiça Adjunta, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão aponta que o esquema teria sido liderado por um agente político de Madre de Deus, com movimentação mínima de R$ 4,5 milhões entre 2021 e 2023. O dado mais alarmante, no entanto, é que empresas investigadas seguem contratadas pela prefeitura, acumulando R$ 13,9 milhões em pagamentos até abril deste ano. Mesmo assim, Dailton não anunciou o afastamento de nenhum servidor, não suspendeu contratos e não abriu qualquer procedimento administrativo interno.
A operação teria alcançando endereços relacionados a Zé Maria, Secretário de Serviços Públicos, Tânia Gaborgini, secretária de Administração, Sandro Matos, secretário de Segurança Cidadã, Victor Mancine, secretário de Cultura. Não foi confirmado se houve busca na residência do prefeito Dailton Filho, mas apenas na prefeitura. Em sua nota, o prefeito limitou-se a dizer que acompanha “com responsabilidade” as apurações, reafirmou um suposto compromisso com a transparência e afirmou que a gestão “não compactua com irregularidades”. Mas não disse quem são os acusados, não explicou quem são os integrantes da sua gestão envolvidos e não informou se tomou qualquer providência concreta contra os alvos da operação. Para a população, a sensação é de que o prefeito tenta ganhar tempo enquanto a investigação avança fora da prefeitura.
Chama atenção o fato de que, mesmo diante de indícios robustos apresentados pelo MP, nenhuma atitude mais séria foi adotada. Nenhuma comissão de sindicância foi anunciada, nenhum secretário foi afastado preventivamente, nenhum contrato suspeito foi suspenso. O discurso de que “as atividades seguem normalmente” soa quase como um deboche para quem espera respostas claras sobre o uso do dinheiro público.












