Uma megaoperação interestadual deflagrada na manhã desta quinta-feira (11), batizada de Zimmer, resultou na prisão de 38 pessoas, incluindo o capitão da Polícia Militar da Bahia, Mauro Grunfeld, segundo informações do Jornal da Manhã, da TV Bahia. Os suspeitos são investigados por integrar uma organização criminosa especializada em tráfico de drogas, crimes patrimoniais, lavagem de dinheiro e disputa de territórios.
A Polícia Civil, por meio do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), com apoio das polícias Militar e Federal, cumpre 50 mandados de busca e apreensão e 43 de prisão na Bahia e em mais cinco estados: Sergipe, Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco. Mais de 400 policiais participam das ações.
As investigações da megaoperação Zimmer tiveram início em outubro de 2023, após a prisão de três pessoas com quase uma tonelada de drogas em Salvador e Camaçari. O grupo criminoso é apontado como responsável pelo abastecimento, produção e preparo de entorpecentes, além da utilização de pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores movimentados.
Foi solicitado à Justiça o bloqueio de R$ 100 milhões, além do sequestro de bens dos investigados.
Capitão da PM preso
Um dos alvos é o capitão da PM Grunfeld. Ele já havia sido preso em maio e julho de 2024, suspeito de participar de um esquema de compra e venda de armas que abastecia facções criminosas na Bahia, revelado pela Operação Fogo Amigo.
A investigação que culminou nas prisões do ano passado apontava que Grunfeld, condecorado em 2023 como policial militar padrão, era um “contumaz negociador de armas e munições” e principal remetente de dinheiro para um outro PM, Gleybson Calado do Nascimento, operador-chave do esquema que movimentou cerca de R$ 10 milhões entre 2021 e 2023.
Conversas interceptadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) indicaram a atuação do capitão na negociação de armamentos e munições que tinham como destino final criminosos do Bairro do Calabar, em Salvador, intermediadas por traficantes de drogas.
Em nota, a PMBA informou que a Corregedoria da Corporação realizou a prisão de Grunfeld “tendo em vista a necessidade de aprofundamento de investigações sobre o eventual envolvimento do militar em crimes tipificados na Lei de Drogas (Lei n° 11.343/2006).” A PMBA ainda reafirmou seu “compromisso permanente com a legalidade, a disciplina institucional e a ética profissional que norteiam a atuação de seus integrantes em defesa da sociedade baiana”.
Venda de armas apreendidas
A organização praticava retenção e revenda de armamentos apreendidos em operações policiais, em vez de serem apresentados na delegacia e pagamento a pessoas sem instrução e sem antecedentes, os “laranjas”, para obterem o Certificado de Registro do Exército (CR), necessário para a compra de armas como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Após a compra em lojas ligadas ao esquema, a arma era dada como furtada ou tinha o número de série raspado para não ser rastreada.
Apesar de alegar em 2024 que a compra de armas era para uso pessoal, o estilo de vida do capitão, com um salário de R$ 8 mil, contrastava com a ostentação exibida em suas redes sociais, incluindo passeios em iates, restaurantes caros e viagens internacionais.
Na Bahia, a Megaoperação Zimmer está concentrada em Salvador, nos bairros da Graça, Engomadeira, São Marcos e Stella Maris, além dos municípios de Camaçari, Lauro de Freitas, Feira de Santana e Porto Seguro.
O objetivo da operação é desarticular a cadeia de comando da organização, neutralizando os núcleos operacional, de logística e de finanças do grupo criminoso












