Um ano depois da deflagração da Operação Overclean que prendeu, o “Rei do Lixo”, e expôs um esquema milionário de corrupção ligado a contratos de limpeza pública a investigação volta a avançar de forma silenciosa, porém contundente. Fontes ligadas ao caso afirmam que a nova etapa deverá atingir, de maneira devastadora, a classe política de São Francisco do Conde, município que nos últimos meses se tornou epicentro de escândalos, denúncias e um colapso administrativo sem precedentes.
A operação de 2024 revelou que o “Rei do Lixo” não era apenas um empresário com contratos públicos, mas um verdadeiro poder paralelo. A foto já amplamente divulgada pelo Jornal Candeias na qual Moura aparece no interior no gabinete paralelo no Edifício Tomé de Souza, ao lado do prefeito Calmon, circulando livremente como uma figura de comando tornou-se símbolo da promiscuidade entre os interesses privados do grupo e o núcleo mais sensível do governo Calmon. Na época, fontes afirmaram que Moura “despachava diariamente”, influenciando nomeações, pagamentos e até decisões políticas estratégicas.
Agora, novas frentes se abrem na investigação.
Documentos que chegaram à reportagem apontam que o prefeito Antônio Calmon teria autorizado um pagamento de R$ 1.200.000,00 à empresa Larclean, peça central da Overclean, sob a justificativa insólita de “serviços para extermínio de morcegos”.
Investigadores classificam a rubrica como “uma digital clássica de superfaturamento e possível desvio de recursos”, típica de movimentações usadas para abastecer caixas paralelos de grupos criminosos. O caso está sendo reconstituído passo a passo, e a suspeita é de que esse pagamento represente apenas um fragmento de um esquema muito maior, que teria utilizado serviços fictícios para irrigar operadores financeiros próximos ao prefeito.
GENRO DE CALMON, PAPITO E A REDE DE FAST-FOOD: QUADRO AGRAVA-SE
Outra frente da investigação avança sobre as franquias de fast-food adquiridas recentemente pelo genro do prefeito, Vinicio Costa, em sociedade com Papito apontado como suposto operador financeiro íntimo do núcleo mais fechado da família. Fontes ligadas ao setor jurídico confirmam que já existem movimentação para pedido de quebra de sigilo bancário e telefônico, cujas operações financeiras chamaram atenção após a explosão do escândalo no final de 2025. Cruzamentos entre pagamentos da prefeitura e compra da franquia da rede de FastFood estariam sendo cruzados.
Além disso, uma nova denúncia que está sendo apurada pelo Jornal Candeias aponta que o grupo teria comprado uma nova franquia de fast-food dentro de um shopping na Linha Verde. A origem dos recursos utilizados para expansão dos negócios é justamente o centro das suspeitas: investigadores querem saber se houve lavagem de ativos e utilização de verba pública desviada.
Com o novo aprofundamento das apurações, a sensação entre investigadores, fontes políticas e especialistas é clara: todos os caminhos voltam a levar para São Francisco do Conde.
O município, que enfrenta crise salarial, abandono de serviços essenciais e denúncias sucessivas de improbidade, aparece como peça central da engrenagem financeira que ligou empresários, operadores e agentes políticos que orbitavam o poder municipal. Mesmo arrecadando mais R$ 100 milhões nos últimos 60 dias, cargos de confiança estão há dois messs sem salário.
A Overclean, que parecia ter atingido seu ápice em 2024, pode estar apenas começando a revelar a extensão do sistema que governou a cidade nas sombras. E os próximos desdobramentos ao que tudo indica devem atingir profundamente figuras que, até pouco tempo, se consideravam inalcançáveis.
A qualquer momento, novas informações podem surgir, culminando na etapa mais explosiva da investigação desde sua origem.












