A violência política tem se intensificado na Bahia com a aproximação das eleições municipais, revelando um cenário preocupante de ameaças, assassinatos e agressões físicas e verbais.
Em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, o tráfico de drogas tem exercido influência direta sobre o processo eleitoral. O influenciador e policial militar Daniel Fernando denunciou que o Comando Vermelho (CV), facção criminosa, impôs restrições para a circulação de candidatos no bairro de Portão, permitindo apenas a campanha do candidato a prefeito Antônio Rosalvo (PT) e de dois vereadores. A situação crítica é mais visível nas localidades de “Queira Deus” e “Pé Preto”.
Daniel Fernando também relatou a intimidação de moradores, que foram proibidos de expressar apoio a candidatos da oposição. Em um caso mais extremo, o CV teria interferido em um funeral local, reservando o cemitério exclusivamente para membros da facção. A denúncia ecoa o crescente controle de facções criminosas sobre a política regional, destacando a vulnerabilidade de candidatos e eleitores.
Em Ribeira do Amparo, a vereadora e candidata à reeleição Eulina Amorim (PT) tem enfrentado ameaças explícitas, levando-a a adotar um colete à prova de balas para sua proteção. Eulina relatou o furto de uma agenda pessoal como uma tentativa de intimidação, em mais um episódio de violência política. A vereadora, em seu discurso, enfatizou que a violência política não deve silenciar as vozes daqueles que lutam pelo bem público.
Boa Vista do Tupim também foi palco de violência extrema, com dois homicídios motivados por disputas eleitorais ocorrendo no último final de semana. Os crimes, relacionados ao apoio a diferentes candidatos a prefeito, evidenciam o acirramento da campanha no município. O prefeito Helder Lopes (PSDB) solicitou reforço policial para garantir a segurança de eleitores e candidatos.
Casos semelhantes ocorreram em Cardeal da Silva e Alagoinhas, onde pré-candidatos sofreram ataques físicos em maio deste ano, demonstrando que a violência política não se restringe aos grandes centros, mas atinge também municípios menores.
Além disso, o combate ao assédio eleitoral e à violência política de gênero também tem ganhado destaque. A Polícia Civil da Bahia, em conjunto com diversas instituições jurídicas, firmou um acordo de cooperação para enfrentar esses crimes, com medidas de conscientização e capacitação de servidores e magistrados. A Bahia lidera o número de casos de assédio eleitoral investigados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), com 36 denúncias ativas, superando estados como São Paulo e Minas Gerais.
No município de Ipirá, a 211 km de Salvador, situações de conflito, dentro desse contexto, foram flagradas em vídeo que circulou em redes sociais.
Essa onda de violência e intimidação sublinha os desafios que o processo eleitoral enfrenta, especialmente em regiões sob influência do crime organizado. A segurança dos candidatos e a liberdade dos eleitores estão em risco, exigindo uma resposta eficaz das autoridades para garantir que as eleições transcorram de forma democrática e segura.