O volume de serviços no Brasil desacelerou no fim de março, registrando alta de 0,3% e vindo ligeiramente abaixo do esperado para o período, principalmente após o crescimento apresentado pelo setor no final do primeiro trimestre, e com o cenário de esperada desaceleração da economia e juros elevados.
Segundo matéria da Folha de São Paulo, o resultado de março vem abaixo da expectativa apontada por analistas da Reuters, que estimavam um avanço inicial de 0,4% e depois de crescimento de 0,9% em fevereiro. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (14), apontam que o setor acumulou um ganho de 1,2% nos dois meses seguidos de altas, após recuo de 0,5% em janeiro, e está 0,5% abaixo do ponto mais alto de sua série, alcançado em outubro de 2024.
Assim, o volume de serviços encerrou o primeiro trimestre com queda de 0,2% na comparação com os três meses anteriores, interrompendo sequência de sete trimestres seguidos de ganhos, segundo o IBGE.
“A queda trimestral agora não representa ainda uma mudança de trajetória e não há um esgotamento do setor de serviços. O setor teve seu ápice em outubro de 2024 e de lá para cá vieram duas quedas, em novembro [de 2024] e janeiro, mas ainda estamos no segundo ponto mais alto da série”, afirmou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa no IBGE.
No comparativo com o mesmo mês no ano anterior, o volume apresentou expansão de 1,9%, contrariando a expectativa de 2,1%.
O mercado de trabalho tem sustentado o setor de serviços no início de 2025, com o fluxo de geração de empregos com carteira assinada mais intenso, a tendência é a geração de salários mais altos, sustentando a demanda interna.
No entanto, desafios como inflação elevada, juros altos e aperto das condições financeiras devem desacelerar o setor, e a economia como um todo. A expectativa, assim, é de um crescimento mais moderado neste ano. Na semana passada, o Banco Central elevou a taxa básica de juros a 14,75% ao ano.
O IBGE destacou os desempenhos do setor de transportes, que apresentou crescimento de 1,7% em março, segundo resultado positivo seguido.
“No setor de transportes, podemos destacar o aumento das receitas das empresas que atuam com concessionárias de rodovias, por conta do aumento do fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas durante o Carnaval, com atividade de correio, logística de cargas, gestão de portos e terminais e armazenamento de mercadorias”, explicou Lobo.
“Transportes sustentaram os serviços em março. Dá para dizer que o setor refletiu a atividade econômica e isso mostra uma força da economia ainda no primeiro trimestre”, completou.
Outros serviços como: profissionais, administrativos, complementares e os prestados às famílias, também apresentaram crescimento de, respectivamente, 0,6% e 1,5%. Por outro lado, os serviços de informação e comunicação teve recuo de 0,2%, enquanto a medida de outros serviços ficou estagnada.
No caso do índice de atividades turísticas, o recuo foi de 0,2% em março no comparativo com o mês anterior