Ao menos cinco novos casos suspeitos de gripe aviária (H5N1) estão sob investigação no Brasil pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio do Serviço Veterinário Oficial (SVO). Segundo o painel interativo do ministério, há notificações em Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins, Ceará e Sergipe. Duas das ocorrências — em Imbituba (SC) e Aguiarnópolis (TO) — foram registradas em granjas comerciais.
Nesta segunda-feira (19), foi incluída no monitoramento uma nova suspeita no município de Salitre, no Ceará. O caso é acompanhado pela Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri). A propriedade rural em questão é voltada para subsistência, ou seja, não comercializa sua produção. A investigação já está em andamento, com coleta de amostras realizada pela Adagri.
O primeiro foco confirmado em granja comercial foi registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (15), e informado oficialmente na sexta-feira (16). A granja abrigava cerca de 17 mil aves, parte das quais morreu e o restante precisou ser sacrificado.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, decretou estado de emergência zoossanitária por 60 dias na região afetada. As aves oriundas do Rio Grande do Sul — terceiro maior exportador de frango do país — foram retiradas de circulação.
Nesta segunda-feira (19), Fávaro afirmou que o Brasil pode se livrar da gripe aviária em até 28 dias, desde que não surjam novos focos, o que permitiria a retomada das exportações de carne de aves.
Atualmente, dois focos ativos continuam no Rio Grande do Sul: um em Montenegro, em uma propriedade de subsistência localizada a menos de 3 km da granja onde foi identificado o primeiro caso; e outro em Sapucaia do Sul.
Como consequência da detecção dos casos, nove países e um bloco econômico suspenderam total ou preventivamente a importação de frangos do Brasil. São eles:
- China
- União Europeia
- Argentina
- Chile
- Uruguai
- México
- Canadá
- África do Sul
- Coreia do Sul
- Japão
De acordo com o plano mundial de contingência contra a doença, o Brasil se encontra atualmente no terceiro nível mais grave (de um total de cinco), devido à identificação do foco em granja comercial. Os próximos níveis são considerados de emergência e crise, e a situação pode se agravar em caso de transmissão do vírus para humanos.
Apesar do alerta, o governo esclarece que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne ou ovos, e que o risco de infecção humana é baixo, ocorrendo geralmente em pessoas com contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas).
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) reforça: “A doença não é transmitida por carne ou ovos inspecionados. Para se proteger, evite contato com aves doentes ou mortas e comunique imediatamente às autoridades competentes caso encontre esses animais”.
Impacto econômico e preços internos
A confirmação de casos da doença gera preocupação sobre os efeitos nos preços internos de frango e ovos. Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o impacto dependerá da reação do mercado:
- Cenário 1: A queda nas exportações pode gerar excesso de oferta no mercado interno, o que tenderia a conter os preços.
- Cenário 2: A superoferta poderia derrubar os preços a um ponto em que não compense os custos de produção, o que levaria à redução da produção e possível alta nos preços posteriormente.
Nesta segunda-feira (19/5), o dólar operava em alta, refletindo a preocupação dos investidores com os desdobramentos do primeiro foco comercial da doença no país.