A cidade de São Francisco do Conde, na região metropolitana de Salvador, pode estar sendo palco de um possível crime ambiental. No dia 14 de junho, uma substância oleosa foi identificada na superfície da água da Barragem de São Paulo, próxima à Refinaria de Mataripe, atualmente administrada pela empresa Acelen. Junto à mancha, dezenas de peixes apareceram mortos, o que chamou a atenção para uma possível contaminação no ecossistema local.
Apesar de a empresa afirmar que a barragem serve apenas para captar água da chuva e que não haveria qualquer instalação com risco de vazamento no local, as evidências visíveis desafiam essa versão. A presença da substância iridescente (material que exibe brilho multicolorido), característica de produtos oleosos, e a mortandade de peixes indicam uma possível poluição da água. Diante da situação, a Acelen acionou a empresa Ambipar, especializada em emergências ambientais, e iniciou ações para conter os danos. No entanto, os impactos ambientais já haviam sido registrados antes da intervenção. Em 16 de junho, uma vistoria técnica realizada pelo Departamento de Licenciamento e Fiscalização Ambiental (DLFA), vinculado à prefeitura, confirmou a gravidade do caso.
A inspeção foi documentada na Notificação Ambiental NFA Nº 21/2025, que detalhou os seguintes problemas:
– Substância oleosa na água com aspecto iridescente
– Mortandade de peixes em quantidade significativa
– Proliferação anormal de vegetação aquática (indicando eutrofização)
– Estrutura do píer enferrujada e abandonada
Esses sinais são apontados como consequências diretas da negligência com a manutenção da barragem e possíveis vazamentos ligados às operações industriais nas proximidades. Relatórios anteriores da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente (SEINFMA) já haviam alertado para o estado precário das instalações da refinaria. Foram identificadas rachaduras, ferrugem avançada e sistemas de drenagem em deterioração; fatores que aumentam o risco de contaminação ambiental.
Diante dos indícios, a prefeitura notificou formalmente a Acelen, exigindo medidas imediatas. A empresa tem até 10 dias úteis para entregar:
– Um relatório técnico detalhado sobre o incidente, com plano de ação corretiva
– Evidências do descarte adequado dos peixes mortos e resíduos coletados
– Laudos laboratoriais da qualidade da água antes e depois da contaminação
– Registro da remoção da vegetação acumulada na barragem
Além da notificação, a Acelen pode ser autuada e responder por infrações ambientais, caso as investigações confirmem irregularidades. A prefeitura reforçou que acompanhará o caso de perto e que medidas legais serão adotadas conforme as leis ambientais em vigor.
Tentamos contato com a Acelen, para que a empresa pudesse se manifestar sobre as denúncias, mas até o fechamento da reportagem não obtivemos retorno.