A Justiça manteve a prisão preventiva de Adilson Souza de Lima Almeida, conhecido como Roceirinho, apontado como fundador e líder da facção Katiara, que atua no tráfico de drogas no Recôncavo baiano e em outras regiões do estado. A decisão foi tomada no dia 8 de julho pela Vara dos Feitos Relativos a Delitos de Organização Criminosa de Salvador, após denúncias de que o detento seguia comandando crimes de dentro do Presídio Salvador, mesmo prestes a progredir para o regime semiaberto.
Facção que controlava toda a região, perdeu espaço para outras organizações e hoje se concentra em Nazaré, onde surgiu. Segundo o Serviço de Inteligência da Polícia Civil, Roceirinho teria ordenado ataques contra grupos rivais e também contra policiais, o que gerou temor entre autoridades sobre uma possível retomada de territórios por parte da Katiara, caso ele passasse a cumprir pena em regime mais brando.
O regime semiaberto permitiria ao preso trabalhar ou estudar fora da unidade prisional, além de receber autorização para saídas temporárias em datas comemorativas. No entanto, os investigadores apontam que o líder da organização continuava envolvido em ações violentas, coordenando atividades como “tribunais do crime”, invasões a comunidades e ameaças a moradores.
De acordo com documento ao qual o jornal Correio teve acesso, relatórios da inteligência da Polícia Civil foram enviados ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), que se manifestou favoravelmente à suspensão da progressão de regime, destacando “episódios contemporâneos que evidenciam a permanência da prática de ações extremamente violentas”.
As ações atribuídas à facção Katiara ocorreriam, segundo os relatos, em bairros como Valéria, em Salvador, e no distrito de São Roque do Paraguaçu, no município de Maragogipe, áreas historicamente afetadas por disputas territoriais entre facções criminosas como o Comando Vermelho (CV), Bonde do Maluco (BDM) e Terceiro Comando Puro (TCP).
Na decisão judicial, o magistrado destacou que Roceirinho ocupa o “ápice da hierarquia piramidal” da facção Katiara, responsável por tráfico de drogas, homicídios — inclusive coletivos — e diversos crimes contra o patrimônio.