A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (17), a 5ª fase da Operação Overclean, que investiga um esquema de fraudes em licitações, desvio de recursos públicos, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, com foco no município de Campo Formoso, na Bahia.
Entre os principais alvos está o ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, que teve endereços em Brasília e Salvador vasculhados por agentes federais. Durante as buscas, uma arma foi encontrada na residência de seu pai, que acabou sendo preso em flagrante.
Segundo a PF, a organização criminosa investigada atuava desviando verbas de emendas parlamentares, manipulando contratos e distribuindo vantagens indevidas a empresas ligadas ao grupo político do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA). Embora Elmar não tenha sido alvo direto nesta fase, familiares e aliados próximos aparecem no centro das investigações.
Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em cidades da Bahia, Pernambuco e no Distrito Federal. Também foi determinado o bloqueio de R$ 85,7 milhões de contas de investigados e o afastamento de um servidor público.
Entre os alvos estão o prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento, irmão do deputado; o assessor Amaury Albuquerque Nascimento, já exonerado do gabinete de Elmar; e o ex-vereador Francisco Nascimento, primo do parlamentar, que já havia sido flagrado anteriormente jogando R$ 220 mil pela janela para fugir de um flagrante. Nesta nova fase, a PF encontrou dinheiro escondido dentro de um sapato na residência de Francisco.
Marcelo Moreira comandou a Codevasf de agosto de 2019 até junho de 2025. Ele deixou o cargo em meio às investigações da PF e denúncias de assédio. Após a saída, a Comissão de Ética da Presidência da República determinou quarentena remunerada, impedindo que ele assumisse cargo em empresa privada antes de dezembro deste ano. Atualmente, recebe salário de R$ 36.951,06.
A PF aponta que Campo Formoso é o epicentro do esquema, com contratos milionários supostamente direcionados a empresas como a Alpha Pavimentações, em troca de vantagens ilícitas. Mensagens obtidas pela investigação revelam combinação prévia entre empresários e servidores públicos para fraudar as licitações.
As apurações estão sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do possível envolvimento de Elmar Nascimento, e já identificaram mais de R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos.
Todos os citados negam participação em irregularidades. A Operação Overclean continua em andamento.