A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (17) mais um desdobramento da Operação Overclean, com foco em suspeitas de fraude em licitações, desvio de recursos públicos, propina e lavagem de dinheiro, todos ligados ao município de Campo Formoso (BA). Desta vez, a investigação atingiu diretamente o primo do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil), vereador e ex-secretário municipal Francisco “Francisquinho” Nascimento.
Durante o cumprimento de 18 mandados de busca e apreensão, a PF encontrou maços de dinheiro escondidos dentro de um sapato na casa de Francisco Nascimento. Em fase anterior da operação, o mesmo parlamentar havia sido flagrado jogando uma sacola com R$ 220 mil pela janela para tentar evitar a apreensão.
A ação foi realizada em parceria com a Controladoria‑Geral da União (CGU) e a Receita Federal. Além de Francisco, foram alvos da operação o prefeito Elmo Nascimento (irmão de Elmar), com endereços vasculhados na Bahia e em Pernambuco, um ex-assessor de Elmar, Amaury Albuquerque Nascimento, e o ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira
Segundo a PF, o esquema contava com direcionamento de licitações, combinado com a empresa Allpha Pavimentações, pagos via emendas parlamentares de Elmar. O primo do deputado teria atuado diretamente na manipulação dos certames, inclusive recebendo pagamentos em dinheiro vivo e ocultando valores para dificultar a rastreabilidade
Mensagens apreendidas mostram troca de informações em tempo real entre Francisco, os irmãos Fábio e Alex Parente (donos da Allpha) e o pregoeiro responsável, indicando conluio para eliminar concorrentes e garantir vitória da empresa
O assunto foi levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) após a PF identificar, em planilha, supostos repasses de R$ 493 mil a Amaury, assessor de Elmar, em 2023. Já o ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, teve seu afastamento autorizado pelo STF, mas a medida não foi aplicada por já ter deixado o cargo
Para travar qualquer movimentação suspeita e garantir ressarcimento aos cofres públicos, o STF determinou o bloqueio de R$ 85,7 milhões em contas ligadas aos investigados . Vale lembrar que, nesta fase, o deputado Elmar Nascimento não foi alvo de buscas ou mandados.