A cidade de São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, enfrenta uma onda crescente de violência que vem aterrorizando os moradores e deixando um rastro de sangue pelas ruas. Em menos de uma semana, três pessoas foram brutalmente executadas em diferentes pontos do município, todas com características semelhantes: execuções sumárias, com uso de armamento pesado e motivação ligadas supostamente ao tráfico de drogas.
A guerra que envolve o tráfico de drogas teria explodido na cidade quando “Du”, ex-integrante do Bonde do Maluco (BDM), rompeu com o grupo após ser jurado de morte por uma dívida relacionada à compra de armas. Ele se aliou ao Comando Vermelho (CV) e declarou guerra a Cleiton, chefe antigo da área, segundo informações da inteligência da segurança pública da Bahia.
Du passou a controlar parte da cidade: “o Condomínio, as Casinhas e a Bela Vista”, enquanto Cleiton ficou com os territórios restantes e pediu reforços para não perder o domínio total. O avanço do CV não parou por aí: a facção tomou a Rua do Hospital e executou um rival com diversos tiros de fuzil, pistola .40 e calibre 12. Segundo informações da PM, Cleiton reagiu e trouxe aliados para tentar conter o crescimento do grupo rival, mas a disputa segue acirrada e sem previsão de trégua.
EXECUÇÕES
Na noite da última sexta-feira (25), um homem foi executado com mais de 30 tiros na rua da igreja Assembléia de Deus. Segundo relatos, os criminosos eram integrantes do CV e usavam fuzis. A vítima teve a casa invadida e foi assassinada na frente de moradores.
Já no domingo (27), uma mulher identificada como “Mônica” foi morta em plena luz do dia, na localidade da Pitangueira. A execução, com diversos disparos de arma de fogo, chocou os moradores pela brutalidade e ousadia dos criminosos, que agiram sem qualquer receio de serem flagrados. Além desses casos recentes, outras execuções vêm sendo registradas ao longo do ano, sempre com a marca da impunidade e da ausência do Estado.
FALÊNCIA DA SEGURANÇA PÚBLICA?
As execuções em sequência escancaram o colapso da segurança pública em São Francisco do Conde. A presença das facções criminosas, a facilidade com que atuam armadas em bairros residenciais e a lentidão nas respostas nas investigações policiais geram um clima constante de medo.
Moradores relatam que o policiamento apesar de atuante, ainda é escasso e que denúncias muitas vezes não resultam em ações efetivas. “A gente já sabe quem manda na cidade. E não é o governo”, diz um morador da Pitangueira, que pediu para não ser identificado por medo de represálias.
A 10ª CIPM que fica em Candeias é a responsável pelo policiamento no município e segundo algumas fontes, com o avanço da violência na região, estariam buscando transformar a companhia em batalhão, mas, enquanto isso, os moradores seguem à mercê da criminalidade e vivendo sob o medo constante da guerra entre facções.