Cinco meses após o triplo homicídio que abalou a cidade de Dias D’Ávila, a Polícia Civil concluiu o inquérito do caso envolvendo as vítimas foram o bancário Henrique Silva e as garotas de programa Giovanna Vitória, de 18 anos, e Jailma Barbosa da Silva, de 27 anos.
Em entrevista ao portal A Tarde, o delegado Euvaldo Costa, titular da 25ª Delegacia Territorial (DT) e responsável pela apuração, revelou que o bancário Henrique teria feito uma brincadeira com o policial militar Alisson Santiago dos Santos, que participava da suposta orgia, mas o PM não teria gostado do tom e decidiu matá-lo. Ao mesmo tempo, uma outra discussão ocorria entre o segundo suspeito, Estevão Iury dos Santos, e Giovanna Vitória, com quem ele mantinha um relacionamento.
“Tudo aconteceu por motivo banal. O bancário Henrique mantinha uma relação extraconjugal com Jailma. Eles estavam juntos em uma orgia com Giovanna, ambas ‘garotas do job’. Como Giovanna já mantinha uma relação com Estevão, ela decidiu chamá-lo para participar também. O suspeito então foi e levou o amigo, o policial Alisson Santiago, certamente com essa proposta de orgia”, revelou o delegado.
Ainda de acordo com Costa, o clima entre os envolvidos piorou rapidamente. “No entanto, quando eles chegaram no local, Henrique fez uma brincadeira com o policial, e ele não gostou. Em paralelo a isso, Giovanna e Estevão também se desentenderam, porque ela não gostou da briga que estava acontecendo entre os homens. No meio desses desentendimentos, os ânimos ficaram aflorados”, relatou ao portal.
Segundo o delegado, diante da tensão, os suspeitos saíram da casa dizendo que iriam dormir. No entanto, saíram no carro do policial, pegaram uma moto emprestada em um bar e retornaram na mesma madrugada para cometer os assassinatos.
“Eles saíram da casa dizendo que iriam dormir. Mas, na verdade, saíram no carro do policial e tomaram uma moto emprestada em um bar. Estevão então retornou para a casa pilotando a moto e Alisson voltou no carro. Ao chegarem na casa novamente, realizaram a execução dos três e saíram em fuga”, explicou.
Além das vítimas fatais, havia uma quarta mulher na casa, também garota de programa, que saiu durante as discussões e se tornou a principal testemunha do caso. “A sobrevivente foi minha testemunha-chave. Ela presenciou a discussão entre eles, mas saiu na sequência, porque tinha outro programa para fazer”, completou o delegado.
Inquérito concluído
Com a conclusão do inquérito, o caso foi encaminhado ao Judiciário. Segundo o delegado, o Ministério Público apresentou denúncia, que foi aceita pela juíza responsável. A defesa dos réus teve prazo de dez dias para apresentar resposta, e o processo agora segue para a fase de instrução.
“O crime foi enquadrado também como feminicídio, mesmo que apenas um dos acusados tenha tido uma relação e executado diretamente uma das mulheres. De acordo com o Ministério Público, o outro réu tinha conhecimento e participou do crime, o que configura coautoria. Por isso, ambos irão responder igualmente pelo feminicídio e homicídio triplamente qualificado”, afirmou o titular da 25ª DT.
Os dois suspeitos seguem presos preventivamente. O policial está detido no Batalhão de Choque da Polícia Militar, enquanto Estevão está custodiado em um presídio comum. A expectativa é de que ambos permaneçam encarcerados até o julgamento, podendo ser condenados ao final da sessão do júri. Segundo o delegado, os réus irão a júri popular e podem ser sentenciados a até 100 anos de prisão.
Considerando que são três vítimas e que cada homicídio é tratado individualmente, a pena total pode ultrapassar os 100 anos. A punição mínima para o crime de feminicídio varia entre 20 e 30 anos por vítima, podendo ser ampliada conforme as qualificadoras e as circunstâncias.
“É o que chamamos de crime material. Cada vítima representa um crime distinto, e a pena pode ser somada”, concluiu o delegado.
