Boa parte dos cerca de 1,5 mil trabalhadores que integram atualmente o quadro da BYD em Camaçari foi barrada da festa de inauguração oficial da fábrica com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (dia 09). Segundo Júlio Bonfim, representante do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, cerca de 300 funcionários foram convidados para a festa, enquanto o restante do efetivo recebeu folga.
Após a repercussão negativa, a empresa teria permitido aos interessados irem à fábrica, desde que fiquem de fora dos festejos, segundo Bonfim, que faz uma inevitável comparação com a interessados irem à fábrica, desde que fiquem de fora dos festejos, segundo Bonfim, que faz uma inevitável comparação com a inauguração da GWM, em São Paulo, que também contou com a presença de Lula, e com os festejos realizados pela Ford onde agora a BYD está. “O trabalhador faz parte das conquistas da empresa, negar a ele o direito de comemorar é um ato de exclusão”, lamenta Bonfim. Procurada pela reportagem por volta das 17h30 desta quarta, a BYD não se posicionou até o fechamento desta edição.
A relação entre a BYD e os trabalhadores tem sido marcada por algumas polêmicas. Na fase inicial das obras, a empresa chegou a ser investigada pelo Ministério Público do Trabalho por supostamente submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão em Camaçari.
Houve também reclamações de que trabalhadores com experiência na indústria automobilística estariam sendo preteridos em função de idade. Recentemente, um sinal de melhora foi a aprovação de um acordo para o reajuste salarial de parte dos trabalhadores, com a elevação do piso salarial de R$ 1.950,00 para R$ 2.067,00 por mês, em setembro, com pagamento retroativo a julho e agosto e, após três meses de trabalho, para R$ 2.273,00 mensais.
Escolha equivocada
Faz muito sentido o repúdio do presidente da CNI, o baiano Ricardo Alban, ao recuo do Congresso Nacional em relação ao aumento na tributação das bets. Ao mesmo tempo em que o deputado Carlos Zarattini retirou do texto a previsão do aumento de 12% para 18% a alíquota sobre a receita bruta das apostas, manteve o aumento de 15% para 20% no Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) dos juros sobre o capital próprio que as empresas pagam aos acionistas. “Efetivamente, estão sufocando a atividade produtiva com incrementos constantes da carga tributária, desde 2023. Recentemente, todo e qualquer ajuste fiscal é só sobre aumento de carga, independentemente de a receita estar crescendo pelo crescimento da economia”, escreveu Alban em mensagem ao Congresso. Vale lembrar que o aumento se soma a um cenário de taxa básica de juros elevada, entre outras condições que desestimulam investimentos produtivos.
Afago no tigrinho
Na carta ao Congresso, o presidente da CNI ainda faz um questionamento que precisa ecoar: “Como podemos ser tão lenientes com a BETs, tida pela sociedade como uma grande mazela psicossocial? Toda e qualquer carga tributária que incide sobre a setor produtivo é transferida para o custo do produto e quem paga é o consumidor”. Um estudo divulgado pelo Instituto Locomotiva em agosto de 2024 mostra que 86% dos apostadores acumulam dívidas e 64% estão com o nome sujo no Serasa. Na hora de aproveitar a comoção social para fazer espetáculo com influenciadores nos bancos dos réus, nossos parlamentares são verdadeiros tigres, mas quando poderiam adotar ações efetivas, são dóceis.












