A tensão política em São Francisco do Conde aumentou nas últimas horas após o vazamento de informações internas sobre as discussões envolvendo a retirada de benefícios do programa “Pão na Mesa”, reveladas em matérias do Jornal Candeias. A secretária de Saúde e vereadora licenciada Greice Tanferi teria se mostrado profundamente irritada com a exposição pública das tratativas internas da gestão Calmon, que discutiam a reformulação do programa social, suspenso há quase um ano.
Fontes ligadas ao governo afirmam que Greice reagiu com indignação, classificando o vazamento como “um ato de deslealdade política ao líder”. “Ela ficou revoltada com o nível de informações que chegou na imprensa e acredita que há vereador da base jogando contra a gestão, e que ela vai descobrir”, disse uma fonte próxima à Secretaria de Saúde.
Após a irritação, a secretária teria feito questão de demonstrar seu poder de sedução política ao prefeito Antônio Calmon, declarando que aceitaria até retornar ao mandato de vereadora apenas para votar e aprovar o projeto de reformulação, que enfrenta forte resistência de vereadores por retirar comida da mesa dos mais pobres. Os vereadores Fábio de Vanessa e Sandrinha da Pizzaria foram os únicos que disseram votar o projeto e enfrentar o desgate com a população. “Tem que ter peito e votar mesmo”, disse um vereador, em apoio à proposta que reduz valores, cria novos critérios de exclusão e abre brechas para retirar beneficiários do programa.

O Jornal Candeias ouviu de alguns vereadores em que mesmo com a chantagem política de Calmon – que só nomeará os novos indicados dos vereadores, após a aprovação do projeto – o mesmo será rejeitado. “Não vou abrir mão de beneficiar 5 mil pessoas por 20 cargos” afirmou em off.
Nos bastidores, informações obtidas pelo Jornal Candeias indicam que um deputado estadual aliado da gestão estaria atuando para tentar reverter, por influência política e judicial, a decisão judicial que obriga o pagamento do programa. A decisão decorre da Ação Civil Pública nº 8000701-07.2025.8.05.0235, movida pelo Ministério Público da Bahia, que acusa o prefeito de suspender ilegalmente o “Pão na Mesa”, deixando milhares de famílias em vulnerabilidade.
O projeto de lei com essas alterações vai ser enviado à Câmara pelo próprio Calmon, mesmo diante da decisão judicial que determina a retomada imediata dos pagamentos conforme a Lei Municipal nº 691/2022, pois a intenção do prefeito é ao cumprir a decisão judicial, mas com o novo valor, que seria de R$ 150 reais. O Projeto também quer reduzir o número de beneficiados a 10% do número de beneficiários atual.
O ato é visto como um desafio direto ao Ministério Público e a Justiça, que desde abril vem cobrando a reativação integral do benefício, classificado pela promotoria como “essencial à sobrevivência de milhares de famílias franciscanas”, usando assim uma manobra legislativa para burlar a decisão judicial. Mesmo com o caixa reforçado, nenhum pagamento retroativo do “Pão na Mesa” foi efetuado até o momento — o que reforça a percepção popular de que “dinheiro tem, o que falta é vontade política.”












