Após a repercussão das matérias do Jornal Candeias sobre a tentativa de reformulação do programa “Pão na Mesa”, o prefeito Antônio Calmon entrou em estado de desespero e passou o fim de semana em romaria pelas casas dos vereadores, tentando garantir votos para aprovar o projeto que reduz valores e exclui famílias do benefício social. Calmon mudou este fim de semana a forma de abordar os vereadores numa tática para descobrir quem deles está por trás dos vazamentos das reuniões.
Fontes relataram que Calmon visitou um a um os parlamentares, inclusive os que antes desprezava politicamente. Fez ligações de madrugada e prometeu cargos para convencer a base, que resiste a votar contra as famílias mais pobres. “Ele está desesperado. Ligando pra todo mundo, batendo na porta dos vereadores, implorando voto. Quem vê hoje nem lembra do Calmon que não atendia ninguém e tinha passado o comando do governo a Greice”, disse um vereador. “Nem que bote atestado, mas não jogo meu nome no lixo. Calmon está terminando a carreira dele, e eu tenho futuro político, se votar nisso, acabou para mim” disse outra vereadora.
Do isolamento à romaria por votos
Segundo relatos, o prefeito chegou a dizer que “quem não estiver com ele agora vai ficar de fora das nomeações”, numa clara tentativa de pressão. Para justificar o corte, tem usado o argumento de que “quase todas as famílias do Pão na Mesa já recebem o Bolsa Família”.
A mudança de movimento, vem de uma nova orientação da secretária de Saúde e vereadora licenciada Greice Tanferi que determinou a Calmon a não reunir mais os vereadores em grupo. Ela em mais um ato de fidelidade política se colocou a disposição de retomar o mandato na Câmara para aprovar no projeto (Veja aqui) ao lado de Fábio de Vanessa e Sandrinha da Pizzaria. Greice orientou ao prefeito que as negociações fossem individuais, com discursos diferentes para cada um, tentando descobrir assim quem estaria vazando informações.
Mesmo assim, o clima entre os vereadores é de resistência total. A maioria teme ser vista como cúmplice de um projeto que retira comida da mesa dos mais pobres, e entrarem na mira da justiça, em meio ao desgaste político da gestão.
O novo projeto reduz o valor do benefício para R$ 150 e mantém apenas cerca de 10% dos atuais beneficiários, contrariando a Lei Municipal nº 691/2022.
Protesto e prazo final
Enquanto o prefeito busca votos dos vereadores, a população se organiza. Movimentos sociais e beneficiários preparam um grande protesto em frente à Câmara nesta terça-feira, quando o projeto deve ser votado. “Se Calmon quer tirar o pão do povo, o povo vai tirar o sossego dele”, afirmou Niltos Santos, um dos organizadores.
A Justiça deu 30 dias para Calmon retomar o pagamento integral do benefício, e o prazo está se encerrando. O novo projeto é visto como uma manobra para burlar a decisão judicial, o que pode vai configurar ato de improbidade administrativa.