Há dias em que a realidade política de São Francisco do Conde parece escrita por um compositor genial — porém cruelmente realista. E nada traduz melhor o momento atual da cidade do que os versos de Gilberto Gil, na sua canção de 1985, “Nos Barracos da Cidade”. “Mas a usura dessa gente. Já virou um aleijão.” A frase, atravessa décadas e pousa com precisão cirúrgica sobre o cenário que hoje entristece e revolta o povo franciscano. E a cada nova descoberta, a ser revelada essa semana, o cenário em SFC ficará mais sombrio. E acreditem: nada do que foi revelado até aqui, chega perto do que foi descoberto esta semana.
O desespero aumenta na cúpula, após o JC revelar que em apenas um mês, Calmon gastou em combustível, o suficiente para dar 60 voltas ao mundo. O prefeito nos últimos dias, passou a falar com sua “Dama de Ferro” e secretária Greice Tanferi, por celulares de pessoas próximas, achando assim que escapará mais facilmente das mãos da justiça em breve. O prefeito para tentar abafar a crise, tem ligado insistentemente para vereadores que adotaram postura de independência a seu desgoverno. Quer enterrar a si mesmo, a sua família, a sua gestão, as reputações e a CPI, tudo junto. Em uma reunião que mais parecia improvisada de “fugitivos” do que um encontro administrativo, o prefeito se deu conta da merda que fez: irrigar dinheiro público para contratos de pessoas próximas a familiares, levando para dentro de “casa”, o foco que nenhum gestor público quer: a da sirene 🚨 da polícia.
A fome avança, a cidade encolhe, os serviços públicos ruem — mas o que cresce, sem parar, é o apetite insaciável de quem governa. O motivo do pânico é simples: todos os operadores do esquema estão sendo descobertos, um a um, e o clima na prefeitura já é de pavor absoluto diante da movimentação de uma operação policial que, até então, “só enxergava lixo e sujeira”, mas agora ampliou o foco. O que antes era investigação sobre contratos opacos e serviços duvidosos, agora mira gasolina, cartões de abastecimento, restaurantes, compras suspeitas e patrimônios registrados em nome de familiares do prefeito.
Como se não bastasse, o nervosismo é tamanho que Calmon e Greice vêm recorrendo a uma tática quase cômica — ou trágica: “falando pelos celulares dos seguranças, achando que assim estão fugindo dos grampos da Polícia Federal”. Acreditando que trocando de números a cada conversa conseguirão despistar a investigação, ambos têm usado aparelhos de terceiros para tentar discutir pagamentos, fechar acordos e reorganizar o que ainda resta da operação política e financeira que os sustenta.
Segundo uma fonte, Calmon já foi avisado que vai “tombar”, expressão usada internamente para indicar que o cerco está fechado. E, sabendo disso, o prefeito teria acelerado pagamentos a empresas amigas — numa tentativa desesperada de liquidar compromissos antes que as próximas fases da investigação se tornem públicas. Esse movimento, porém, também já está no radar da operação, que identificou mais um rastro suspeito na cidade: o escoamento de dinheiro através de cartões de combustível, justamente no período em que quase nenhum serviço público esta funcionando.
O combustível pode até ter rendido 60 voltas ao mundo, mas a gestão, essa, parece rodar em círculos dentro da própria sala de crise.












