Aliados de Jair Bolsonaro buscam entender e explicar o que para muitos ainda é inacreditável: a tentativa dele de violar a tornozeleira eletrônica com ferro de solda.
O ato integra as justificativas para a decretação da prisão preventiva do ex-presidente no sábado (22), e sua transferência de casa para uma cela especial da Polícia Federal.
Aliados afirmam que ele estava paranoico com a ideia de que um grampo havia sido instalado na tornozeleira, e que terceiros conseguiam ouvir suas conversas com a família e com aliados que ele recebia em casa, onde já estava preso.
Ele teria manifestado essa certeza a pessoas que o visitaram.
A desconfiança, que entendem não fazer sentido, é creditada por interlocutores do ex-presidente a uma certa confusão mental em que ele se encontrava, com ansiedade e estresse por medo da prisão que já se avizinhava.
Bolsonaro, que passou as últimas décadas cercado por assessores que resolviam cada detalhe de sua vida, e estruturas poderosas, como a da Presidência da Reoública e a do Partido Liberal (PL), agora passa boa parte do tempo sozinho em casa, tendo que cuidar até dos próprios medicamentos _o que ajudaria a agravar o quadro de confusão e paranoia.
O ex-presidente violou a tornozeleira à 0h07 do sábado (22). Os danos que ele causou emitiram alerta ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, e uma servidora da Secretaria de Administração Penitenciária do DF foi à casa do ex-presidente.
De acordo com relatório da ocorrência, a informação inicial era de que Bolsonaro havia batido o dispositivo na escada.
Mas, após a entrada da servidora da secretaria no local, “a tornozeleira não apresentava sinais de choque em escada”.
Em vídeo, a servidora da administração penitenciárias do DF pergunta a Bolsonaro em que momento ele teria começado a tentar violar a tornozeleira. O ex-presidente respondeu que isso teria acontecido no final da tarde.
Ao ser questionado sobre o que havia ocorrido, Bolsonaro afirmou: Meti ferro quente, meti ferro quente aí… curiosidade”. Ao ser questionado: “Que ferro foi? Ferro de passar?” ele respondeu: “Ferro de soldar, solda”.
Ferro de solda é uma ferramenta pontiaguda que atinge alta temperatura e permite derreter metais. Está disponível para venda na internet.
A tornozeleira chegou a ser trocada. Pela manhã, no entanto, Bolsonaro foi preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.












