O que deveria ser função básica de qualquer gestão municipal — garantir transporte escolar digno e contínuo — virou mais um capítulo da tragédia social que São Francisco do Conde enfrenta. Nesta sexta-feira (05), uma mãe da cidade, Carla, enviou um áudio desesperado pedindo ajuda para custear as passagens do filho, estudante do IFBA de Santo Amaro, que depende do deslocamento diário para manter seus estudos. Sem ônibus, sem apoio e sem renda, ela se viu obrigada a criar uma vaquinha para impedir que o jovem abandone o curso técnico.
Carla está desempregada, e a única renda da família é um benefício social. O pai do estudante também está sem trabalho. Todo dia, o deslocamento exige passagens de ida e volta até Santo Amaro — custos impossíveis de arcar. Antes, o transporte escolar municipal supria essa necessidade, mas com a suspensão total do serviço após o calote da Prefeitura na empresa de transporte, a família perdeu a única alternativa.
Em um relato que emocionou moradores, Carla descreve a dor de ver o filho prestes a abandonar os estudos em um momento decisivo do ano. Ela afirma que sempre incentivou o filho, reconhecido pela dedicação no IFBA, mas admite que “a situação ficou insustentável” com o fim abrupto do transporte escolar.
A paralisação da — empresa responsável pela frota utilizada pelo município — deixou centenas de estudantes sem condições de chegar às escolas, ao IFBA, ao CPM, a cursos técnicos e às universidades. O colapso revela um cenário alarmante: jovens perdendo aulas, mães implorando ajuda pública, famílias se desesperando enquanto a cidade, rica e historicamente estruturada, se vê entregue ao improviso.
A Secretaria de Educação, comandada por Vanessa Dantas, afirmou apenas que a situação “será resolvida após regularização das pendências com a empresa”, mas não apresentou prazo, solução, planejamento ou qualquer medida emergencial. Enquanto isso, mães como Carla recorrem à solidariedade popular para assegurar algo tão básico quanto o direito de estudar.
A vaquinha para ajudar o estudante do IFBA é mais um símbolo do caos que tomou conta de São Francisco do Conde. Primeiro, moradores fazem vaquinha para reformar quadra abandonada. Agora, mães fazem vaquinha para que seus filhos possam ir à escola. A cada dia, o que deveria ser política pública vira favor, improviso, desespero — e luta da própria população para suprir o que a prefeitura abandonou.












