Em meio ao agravamento da crise política e administrativa em São Francisco do Conde, o prefeito Antônio Calmon convocou hoje, vereadores da base governista para uma reunião em Salvador com o objetivo de discutir a aprovação do PPA Plano Plurianual, instrumento que define as diretrizes, programas e investimentos do município para os próximos quatro anos. Calmon quer humilhar a Câmara e rejeitar cerca de 10 emendas modificativas e coletivas apresentadas pelos vereadores Rafael Nogueira, Lorena de Reizinho, Daoana Sales e Muriel que devolvem dignidade aos SanFranciscanos.
As emendas que o prefeito Antônio Calmon tenta fazer seus vereadores rejeitar tratam, majoritariamente, de medidas sociais, controle do orçamento e proteção direta à população. Entre elas estão a proposta de reajuste salarial de 5% para os servidores públicos, financiado por cortes em publicidade e despesas administrativas; a emenda que reduz de 100% para 30% o limite de créditos suplementares, impedindo que o prefeito altere o orçamento por decreto sem aval da Câmara; a ampliação do Bolsa Aluguel, garantindo moradia a famílias vulneráveis; a criação e reforço da Bolsa Universitária e da Bolsa Técnica, voltadas a estudantes do ensino superior e profissionalizante; o aporte de R$ 9 milhões para o transporte urbano, em resposta ao colapso do sistema; a criação do programa de Atenção às Pessoas com Obesidade, com foco em prevenção e acompanhamento pelo SUS; a inclusão permanente de kit enxoval, cestas básicas mensais e cestas especiais de Natal e Semana Santa; o reforço do Kit Escolar; e, principalmente, a ampliação do orçamento do Pão na Mesa para mais de R$ 12 milhões, após 12 meses de não pagamento do benefício.
Nos bastidores, vereadores afirmam que o incômodo do Executivo não é técnico nem financeiro, mas político. Calmon quer mais recursos em áreas onde os supostos operadores financeiros possam continuar ganhando contratos e as emendas priorizam comida, saúde, salário, transporte e educação, exatamente o oposto da lógica adotada pela atual gestão.
Vereadores ouvidos pelo Jornal Candeias afirmam que parte da base não pretende comparecer, especialmente parlamentares que se dizem enganados por promessas anteriores feitas pelo prefeito e nunca cumpridas. O clima é de desconfiança generalizada, e o isolamento político de Calmon se torna cada vez mais evidente.
Nos bastidores, parlamentares relatam que Calmon voltou a apostar na mesma tática que já falhou anteriormente: promessas de cargos em troca de votos. A mais recente teria envolvido a oferta de 28 cargos para garantir a aprovação de projetos do Executivo. A manobra, porém, teria sido mais um by-pass político, já que o prefeito acreditava que o projeto seria aprovado na última sessão ordinária, sessão esta que acabou interrompida após a população tomar o plenário da Câmara em protesto, impedindo qualquer deliberação.
O desgaste se aprofundou ainda mais após a repercussão das recentes revelações envolvendo a fazenda ligada a Carlos André e Polyana, filhos do prefeito, onde cavalos de raça receberiam tratamento de alto padrão, com baias climatizadas e alimentação especial à base de frutas como maçã e pera. As informações provocaram forte reação popular e chegaram também ao núcleo político da Câmara.
Vereadores que até pouco tempo eram considerados fiéis ao prefeito passaram a externar desconforto e temor eleitoral. Um deles, ouvido sob condição de anonimato, resumiu o sentimento: “Não dá mais para segurar. Cada revelação deixa o povo mais revoltado. Nós estamos indo para o fundo do poço com Calmon. Ou a Câmara tira ele, ou o povo tira a gente em 2028.”












