Segundo a Coluna Satélite do Jornal Correio, integrantes da cúpula do PT e dos principais partidos da base governista afirmam que as relações entre o senador Jaques Wagner e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, atingiram o mais alto nível de desgaste desde a crise em torno da chapa majoritária do Palácio de Ondina para sucessão estadual de 2022.
Em conversas reservadas com a Satélite, aliados de Wagner e Rui admitem que o clima entre ambos é de rompimento tácito irreversível. Internamente, o senador não poupa críticas à atuação do ministro na esfera política do governo Lula e atribui ao chefe da Casa Civil a imensa maioria das dificuldades enfrentadas pelo Planalto no Congresso. “Wagner já deixou claro a interlocutores mais próximos que vai manter distanciamento em relação a Rui e que se recusa a participar de eventos públicos ao lado dele”, confidenciou um influente cardeal do PT baiano.
A decisão de se afastar do antigo pupilo seria o motivo da ausência de Wagner na comitiva do presidente Lula durante a abertura da Bahia Farm Show, realizada anteontem. As insatisfações relativas ao desempenho de Rui Costa em Brasília, entretanto, têm papel de mero coadjuvante no esfacelamento da longa amizade com o senador petista. O principal motor para o corte de laços entre os dois, segundo as fontes consultadas pela coluna, é o duelo velado pelo controle do xadrez governista nas eleições de 2024.
Jaques Wagner vem demonstrando incômodo crescente diante das investidas de Rui para empurrar goela abaixo candidatos a prefeito em Salvador e cidades importantes do interior. Lideranças que gravitam na órbita do PT enxergam a tentativa de impor o rolo-compressor como eixo da manobra do ministro para se consolidar como grande força da legenda na Bahia.
Em movimento apoiado por caciques de siglas com poder de fogo na base, Wagner avisou que, ao contrário de 2020, candidaturas estratégicas serão definidas em acordo com partidos que integram o conselho político governista. Para frear a ofensiva de Rui, o senador depende de duas variáveis. Uma está ligada ao processo de fritura contra o ministro, cujo resultado pode derrubá-lo da Casa Civil. A outra é a redução da ingerência que ele exerce sobre o governo Jerônimo Rodrigues (PT).