A publicação recente da Secretaria Municipal de Saúde de São Francisco do Conde, anunciando pagamentos “em dia” aos profissionais da área, provocou forte reação popular e reacendeu um debate que vem crescendo nos bastidores e nas redes sociais: a sensação de que existe hoje uma prefeitura dentro da própria prefeitura. O card oficial, com linguagem positiva e tom institucional, contrasta frontalmente com o cenário vivido por outras áreas da administração municipal, onde há relatos de atrasos salariais, benefícios suspensos, serviços paralisados e fornecedores sem receber.
Na prática, o material publicitário da Saúde não apenas informa pagamentos, ele comunica poder. Ao listar salários, piso da enfermagem e décimo terceiro como quitados, a peça passa a mensagem de normalidade e controle em um momento em que a cidade enfrenta colapso em setores essenciais como transporte, educação e assistência social. Para críticos da gestão, o card não esclarece; escancara a assimetria: enquanto uma pasta aparece organizada e solvente, o restante do governo afunda em desgaste e incerteza, como se houvesse várias prefeituras dentro da mesma
Esse contraste alimenta a leitura de que a Secretaria de Saúde, sob comando de Greice Tanferi, opera com autonomia ampliada, prioridade orçamentária e capacidade decisória própria. Comentários nas redes sociais, muitos deles cobrando pagamentos de terceirizados, pisos não quitados e meses em atraso fora da Saúde, reforçam a percepção de seletividade: quem é “súdito” da Rainha recebe salários em dias; quem não é, espera. A comunicação oficial, ao ignorar essas vozes, acabou funcionando como prova simbólica do desequilíbrio interno.
A crítica não se limita ao conteúdo do card, mas ao timing e ao contexto. Em meio a uma cidade sem transporte regular, com estudantes prejudicados, servidores reclamando atrasos e fornecedores pressionando, a opção por celebrar pagamentos de um único setor foi lida como provocação, ou, no mínimo, como insensibilidade política. Para muitos secretários da gestão, a mensagem implícita é clara: há prioridades, e elas não são coletivas. São apenas pessoais de Greice.
Outro ponto sensível é a contradição entre propaganda e realidade. Nos comentários, trabalhadores questionam itens ausentes do anúncio, pisos específicos, pagamentos de empresas contratadas, benefícios retroativos, e acusam a comunicação de “maquiagem”. A distância entre o discurso e a experiência cotidiana ampliou a revolta e consolidou a narrativa de duas gestões convivendo no mesmo prédio: uma que funciona e outra que patina.
Ao fim, o card da Saúde deixou de ser apenas uma peça informativa e se tornou símbolo político. Ele materializa a ideia de uma administração fragmentada, onde o poder, os recursos e a atenção se concentram em uma pessoa específica: a “Dama de Ferro”.A Rainha Dama de Ferro mostra todo seu poder, o Rei está morto.













