PEm um almoço ocorrido no dia 15 de junho, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu ao líder do União Brasil na Câmara Federal, Elmar Nascimento, mais empenho do deputado e do partido na votação das matérias de interesse do governo caso tenha de fato o desejo em assegurar o apoio do Planalto na sucessão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Foi um encontro amistoso, que serviu como uma tentativa de aproximação visando atender interesses comuns dos dois tradicionais adversários na Bahia, com resultados práticos alcançados na semana de votação da reforma tributária.
O governo Lula (PT) conseguiu não só a aprovação da reforma tributária, que era uma pauta antiga tanto do Congresso quanto do Planalto, mas ainda do projeto de lei que dá à União maior poder de decisão nos julgamentos do Conselho Administrativo Fiscal (Carf). Rui Costa marcou pontos com o gesto de articulação política e Elmar, por outro lado, também teve uma semana vitoriosa, aumentando de forma significativa a influência no governo e dentro do próprio partido, o União Brasil, antes do recesso informal do Congresso, no restante de julho.
O baiano teve um papel decisivo para que o partido dele garantisse 48 votos a favor da reforma tributária – houve 10 contrários e uma abstenção. Isso depois de o presidente nacional da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), se movimentar para tentar adiar a votação da proposta até que o governo Lula fizesse a troca no Ministério do Turismo, com a saída de Daniela Carneiro e a entrada do deputado Celso Sabino (União-PA), o que só deve ocorrer oficialmente nesta semana.
Como principal aliado de Arthur Lira, Elmar foi ainda decisivo para ajudar o governo a ter maioria junto a outras legendas do Centrão nas votações. Não à toa, o líder do União Brasil foi um dos parlamentares a quem Lula destinou mais palavras de agradecimento em uma confraternização ocorrida na sexta-feira (7), após a conclusão da votação da reforma tributária, no Palácio da Alvorada, que contou com as presenças ainda de Arthur Lira, Rui Costa e dos demais líderes da Câmara, incluindo os baianos Antonio Brito (PSD), que também está de olho na sucessão da Casa, e Adolfo Viana (PSDB), que vem se aproximando dos petistas nos planos nacional e estadual.
Na Câmara, até mesmo aliados do governador Jerônimo Rodrigues já admitem que foi um erro do Planalto não ter aceitado a indicação para que Elmar fosse ministro da Integração e Desenvolvimento Regional. O veto foi articulado pelo PT da Bahia, nas vozes de Rui Costa e do senador Jaques Wagner (PT). A avaliação hoje é que se o líder do União Brasil fosse ministro, o Planalto teria dificuldades menores na relação com o Legislativo.
“Há entre nós e o governo uma concordância: de que a forma que foi conduzida (a negociação para ministérios) no início do mandato não foi a mais adequada, porque não houve a legitimação da bancada”, disse Elmar recentemente em uma entrevista para o jornal O Globo.
Mas o deputado baiano já obteve do governo a garantia de que o deputado Celso Sabino, de quem é aliado, será o novo chefe do Ministério do Turismo. A briga agora é para que o União Brasil e Arthur Lira possam indicar também o comando da Embratur, autarquia sob o guarda-chuva da pasta e atualmente presidida pelo ex-deputado Marcelo Freixo (PT-RJ).
No Ministério das Comunicações, o União Brasil reivindica indicar o presidente dos Correios, cargo hoje ocupado por Fabiano dos Santos, ligado ao PT. Na Bahia, a estatal já é comandada por uma pessoa indicada por um parlamentar do União Brasil, como revelou com exclusividade este Política Livre.
Com todas essas articulações em Brasília, Elmar Nascimento se fortalece, da mesma forma, em solo baiano, onde o União Brasil mantém o comando das duas superintendências da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codefasf), “filé mignon” da estrutura de cargos federais regionais. Caso não tenha êxito no projeto de suceder Arthur Lira, Elmar já teria uma vaga garantida na chapa ao Senado em 2026. Seja no governo, seja na oposição a Jerônimo. É o que se diz!