Ao escolher o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) em detrimento de nomes do PT e PCdoB para disputar a prefeitura de Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues tenta furar a bolha e ultrapassar os 20% dos votos que a esquerda tem na capital. Esse percentual é a média das duas últimas eleições em que disputaram Alice Portugal (PCdoB) e Denice Santiago (PT), em 2016 e 2020, respectivamente. A avaliação é da Jornalista Cíntia Kelly.
Para analistas da cena política, a escolha foi a mais acertada se for observado o perfil de eleitores de Geraldo Júnior e do prefeito Bruno Reis (União Brasil), que tentará a reeleição. “É uma candidatura que dialoga com o mesmo eleitorado de Bruno [Reis]. A escolha de Jerônimo foi pela busca de candidatura ao centro, que amplia para fora da bolha”, avalia o cientista político Cláudio André.
Para Cláudio André, Geraldo Júnior deve buscar o voto da esquerda. Ele aposta numa adesão, embora esta não seja automática. “Para pegar os 20%, ele precisa fazer aceno para a esquerda”, sugere. Uma das estratégias sugeridas pelo cientista políticos é ter na vice um nome ligado ao PT.
Quando o nome de Geraldo já era dado como certo, surgiu a informação de que a secretária de Combate à Pobreza, Fabya Reis, poderia ser a candidata a vice.
De acordo com Cláudio André, para se tornar mais competitivo, o emedebista para além de tentar ganhar a esquerda, vai buscar esvaziar Bruno Reis, atraindo partidos que hoje o apoiam. O esvaziamento também passa por cooptar vereadores e tomar bases eleitorais.
“Esse é um desafio que está posto para os próximos 30 dias”, assevera Cláudio André. É bom lembrar que Geraldo rompeu com o grupo de Bruno Reis no início do ano passado e abrigou-se no grupo encabeçado pelo PT.
Um bom termômetro para medir as duas candidaturas – dentro do prazo de três meses – será a Lavagem do Bonfim, quando candidatos fazem os 8 quilômetros entre a Conceição da Praia e a Basílica do Bonfim disputando aplausos e acenos da população.